27.9.08

O Rei

Para fechar esta trilogia de “grandes portugueses” acabo, como seria de esperar, com o Rei. O Rei Eusébio da Silva Ferreira nasceu a vinte cinco de Janeiro de 1942 em Lourenço Marques (Maputo) e a história lembrar-se-á dele como o “Pantera Negra”. O talento evidenciado por Eusebio no Sporting de Lourenço Marques foi o suficiente para que o clube da metrópole o tenha vindo buscar para jogar no campeonato português. Todavia quis o destino que o “pantera” brilhasse noutras paragens e levou-o não ao José de Alvalade mas sim ao estádio da Luz. A carreira com a camisola 13 do Benfica é sobejamente conhecida por todos os portugueses, e não só, se viram o filme “love actually” uma das personagens refere-se a Eusébio quando quer exemplificar a cultura portuguesa.

317 Golos em 301 jogos com a camisola do Benfica são números que nunca ninguém ligado ao clube da águia vai esquecer. Os 9 golos marcados no mundial de ’66 também são uma marca mítica não só para benfiquistas mas para todos os portugueses. O nome de Eusébio perdurará na história do futebol mundial, como um dos avançados mais mortíferos de sempre. Os títulos conquistados na década de sessenta pelo Benfica e os (muitos) golos que marcou são legado de um homem martirizado por entradas violentas de adversários impotentes ao perfume do seu futebol, que resultaram em 7 operações aos dois joelhos obrigando Eusébio a jogar muitas vezes em situações muitíssimo dolorosas. Num documentário que vi há alguns anos um médico que o operou na altura disse que as lesões de Eusébio, hoje seriam impeditivas de jogar futebol ao mais alto nível…

Como definir Eusébio como jogador? Essa é uma questão que muito dificilmente posso responder pois nunca o vi jogar. Dos muitos documentário e vídeos que vi dele, podemos dizer que era um avançado, muito rápido, muito forte e com um remate fulminante. Do que entendi, era daqueles jogadores de remate tão fácil que marcava golos de todas as formas e maneiras possíveis, isto é, se estivessem quatro defesas pela frente o resultado era o mesmo que se estivesse isolado frente ao guarda-redes, golo…

Há pouco mais a dizer sobre Eusébio, que há pouco tempo foi considerado por uma votação online da FIFA como o terceiro melhor jogador de sempre, a não ser que foi, é ,e sempre será um símbolo da pátria. As imagens de Eusébio de braços no ar a festejar um golo, a voz de Artur Agostinho a gritar em plenos pulmões “GOOOOLO DE EUSEBIO” ou a fotografia tirada no mundial de ’66 quando perdemos contra a Inglaterra, ficará não só na minha memória mas na memoria de várias gerações diferentes de portugueses. Eu não sou minimamente do tempo dele mas tenho-o em mente como um idolo se isto não é ser uma lenda viva, o que será?

26.9.08

O Conde

A minha “relação” com Luís Figo sempre (ou quase) foi de amor-ódio. Primeiro, idolatrei-o, colocando-o num pedestal que não pus mais nenhum jogador, nem mesmo Poborsky, Nuno Gomes ou Preud’homme os meuss craques de eleição. De repente, e como uma bomba, a notícia saiu e eu fiquei desolado, de ídolo, Figo passou a “pesetero” que trocou a alma catalã pelas pesetas de Madrid. Tive enormes dificuldades em lidar com essa mudança e portanto o meu discernimento sobre a carreira do jogador em certos momentos não foi a melhor. ´

A verdade, seja ela dita, é que Luís Figo é um ícone impar na história do futebol português. Foi o primeiro a vencer um prémio FIFA para melhor jogador do mundo, foi o líder da geração de ouro sendo o seu expoente máximo, personificou da melhor forma o sucesso de um emigrante português no exigente mercado internacional, isto é, foi um elemento fundamental para a evolução e afirmação do futebol português na Europa, juntamente com Rui Costa e Paulo Sousa foi um símbolo desta nação no estrangeiro. Será difícil de esquecer muitos jogos magníficos que vi Figo realizar. Seja pelo Barcelona, pela selecção ou pelo Real Madrid, o golo contra a Dinamarca onde sublimemente passa no meio dos dois centrais, ou o pontapé de raiva que nos abriu portas para um brilhante Euro’2000, mas sem dúvida, o que recordo com mais intensidade foi aquela noite de Maio de 97 quando o barça a perder 3-0 ao intervalo com Atlético deu a volta ao resultado para 5-4 com um golo e três assistências do extremo português.

Uma das razões que também hoje me faz gostar de Figo é a sua inteligência emocional, e a forma como hoje se move pelos meandros do futebol. Longe dos tempos em que assinava dois contratos com equipas diferentes, o craque português nascido na cova da iria em 1972 foi o primeiro a organizar jogos amigáveis com intuitos sociais, lembro-me que causou furor quando convidou Michael Schumacher para um desses jogos, e é também importante realçar a sua veia empresária sendo um forte investidor no sector do turismo. Uma prova de carácter do "Conde da Catalunha" (era assim apelidado quando jogava na cidade condal)aconteceu quando criticado pela imprensa do pais vizinho por comprar roupa na Zara respondeu calmamente que era roupa de qualidade e que ainda por cima era mais barata, ò Belmiro aprende alguma coisa com o homem…

O meu veredicto acerca de Figo acaba por ser positivo apesar de considerar muitos aspectos da sua carreira reprováveis, nunca lhe perdoarei a troca do Barcelona pelo Real Madrid. Mas apesar disso, não me vou poder nunca esquecer dos seus raides pela linha, pelos golos, pelas assistências e sobretudo pela classe que sempre passeou por todos os relvados. Um grande obrigado, Luís Figo.

O príncipe

Na votação que foi levada a cabo pelos teóricos, os nossos leitores não tiveram dificuldade em considerar que o “nosso” Cristiano Ronaldo é o melhor de 2008. 63% dos votantes consideraram o extremo do Manchester United o melhor jogador do mundo, números que deixaram a concorrência encabeçada pelo Argentino Leo Messi. Até aqui nada de novo, bastava olhar para o quadradinho da votação para compreender o que estou a dizer, o que falta é hoje, aqui neste blog prestar um tributo a uma verdadeira máquina a jogar futebol.

O rapaz corre que se farta, é forte, tecnicamente é excepcional, possui um jogo de cabeça digno de um Miroslav Klose , marca livres, marca penaltys, marca de calcanhar, isto é, marca de todas as formas e maneiras e quando é preciso, como foi em Barcelona o ano passado, ainda é capaz de se sacrificar em prol da equipa. Resumindo e concluindo, um colosso do futebol moderno.

31 golos em 36 jogos na premiership que o faz ser o melhor marcador da Europa, um feito inigualável para um extremo, 7 golos em 12 jogos na liga dos campeões que o faz ser o melhor jogador e marcador da mais prestigiada e exigente competição internacional de clubes. Querem mais? Nos últimos anos não me lembro de um jogador tão decisivo e eficaz como o nosso Cristiano.

È interessante ver o percurso de vida deste prodígio despontado em Alvalade e delapidado em Old trafford. A vida difícil que passou nos primeiros anos de vida, foram (e isto é especulação minha) o tónico para um jogador que em todas as alturas pensa em superar-se e a querer ir mais além. Os seus famosos “rockets”, os potentes livres que espantaram o mundo a época passada são fruto não só do seu inesgotável talento mas também do seu árduo trabalho. Este é um dos inúmeros exemplos de como Ronaldo não é só um miúdo mimado com grandes carros e que gosta exclusivamente em aparecer nas revistas cor-de-rosa, mas sim de um profissional de excelência que para além de executar exemplarmente o seu trabalho consegue ao mesmo tempo vender muito bem a sua imagem.

Este é um post de tributo portanto não vale a pena referir os seus defeitos como jogador, não é a altura certa para o fazer muito menos ficaria bem da minha parte.

25.9.08

O Derby de todas as as paixões

Sábado, por volta das 20h30m começa o stress, o nervosismo que nos roi por dentro, a loucura intensa de ganhar na casa do maior rival, o desejo de ver o jogo no meio de benfiquistas e no fim celebrar. Dizem os antigos que neste tipo de jogos ganha quem esta pior, marca o heroi improvavel. Nunca há favoritos!
Vamos lá deixar a paixão de parte, e passar ao jogo propriamente dito. O Sporting tem de entrar na Luz mandão a encostar o benfica as cordas. Não será facil, nem tanto pela equipa do Benfica, que ainda não me parece suficientemente automatizada para fazer face aos leões que no meio campo jogam de olhos fechados, mas mais pelo Inferno da Luz. Eu próprio já o presenciei, e digo que não deve ser nada facil jogar naquele Estádio cheio. É, de facto, um ambiente assustador para qualquer adversário. Estou convencido que o Benfica vai apresentar Katsoranis a central, Ruben Amorim no flanco direito e Nuno Gomes no apoio a Cardozo, deixando Aimar no banco. A opção de Quique é perfeitamente compreensivel, Aimar ainda não tem cabedal para um jogo desta intensidade e Nuno Gomes está numa aparente boa forma. No meio campo encarnado tudo na mesma: Carlos Martins e Yebda (que bela surpresa tem sido este francês). Do lado da equipa que me faz sofrer, há duas duvidas no meio campo e no ataque. Caso Izmailov nao recupere, quem o substitui? Em situações normais seria Vukcevic. Não o faria por duas razões. No plantel encarnado existem, actualmente, jogadores (apesar da má forma de alguns deles) que resolvem jogos de um momento para o outro, falo obviamente de Reyes, Aimar e Suazo, apesar de este estar indisponível. Vukcevic é optimo jogador a atacar e nas transições defesa/ataque, mas defende pouco ao contrario de Izmailov. Por outro lado, as declarações recente do montenegrino em nada ajudaram. Foram declarações escusadas e sem sentido. No ataque são três galos (Postiga, Djalo e Derlei) para somente dois poleiros. Confesso que neste aspecto são muitas as minhas duvidas. Se Djalo e Derlei são tipicos jogadores para funcionar perfeitamente como dupla num jogo destes, Postiga está em óptima forma e cheio de confiança. Confesso que jogaria de inicio com Djalo e Derlei e, caso a coisa se complique, lançaria Postiga as feras. Assim sendo, a minha equipa seria Patricio na baliza, depois Abel, Polga, Tonel e Caneira na defesa. No meio campo Veloso, Roca, Izmailov (caso recupere) e Moutinho, a número dez. O ataque ficaria entregue a Djalo e Derlei. Caso Izmailov não recupere a solução mais obvia seria Pipi Romagnoli para dez, deslocando Moutinho para interior-esquerdo e Roca a interior-direito.

24.9.08

Bigger Boys And Stolen Sweethearts

Arsene Wenger apresentou frente ao Sheffield United, num jogo a contar para a Carling Cup, um onze com uma média de 19 anos de idade. É impressionante. A maturidade e a fluidez de jogo dos miudos de Wenger é inacreditavel. Ao ver o jogo, nem dá para acreditar que estamos perante rapazes com idades entre os 16 (!) e os 21 anos. Há dois factores que fazem daquele onze um monumento ao futebol: a já referida maturidade, estupidamente invulgar para a idade, e a rebeldia, o sangue na guelra tão próprios de um teenager de qualquer parte do planeta. No meio de tanto talento há dois que brilham a um nivel altissimo: Carlos Vela e Aaron Ramsey. O primeiro é um avançado extraordinario, basta olhar para o segundo golo do seu hat-trick para se perceber que o jovem mexicano tem tudo o que um ponta de lança de nível mundial deve ter. O segundo é o digno herdeiro de Ryan Giggs como melhor jogador galês. É rápido, explosivo e com uma tecnica do outro mundo. Ainda bem existem treinadores como Wenger, homem capaz de aliar, como ninguem, rebeldia e responsabilidade.

22.9.08

BEM-VINDO GILARDINO...

Escrevo este post em honra dum grande matador que parece ter recuperado a super-forma a que nos habituou. Alberto Gilardino está numa nova fase da sua carreira e numa Fiorentina que sempre nos habituou a grandes avançados (Batigol, Mutu, Pazzini ou Nuno Gomes) conquistou com facilidade o seu espaço e afirma-se como o homem golo nesta fase inicial. É um avançado com versatilidade táctica, móvel mas que é bom na área, é alto (não sendo uma torre) mas a sua maior virtude no jogo de cabeça chama-se instinto, jogador de remate fácil e grande finalizador. Após a sua afirmãção no Parma, marcou em duas épocas 23 golos na série A, seguiu para Milão onde no AC conquistou tudo o que um jogador pode ambicionar (champions, supertaça europeia, mundial de Clubes e na selecção a Copa do Mundo). Porém, no Milan o seu percurso não foi o esperado, quem se lembra de Gilardino no Parma e na selecção sub 21 de Itália certamente concorda que o finalizador italiano tinha tudo para ir muito mais longe na equipa de Anceloti. Era um hino ao futebol e um prazer ver a capacidade finalizadora de Gilardino, como exemplo mais conhecido cito o golo contra ao Bolonha (?) de bicicleta numa fase fulcral do jogo dando a manutenção ao Parma. Ainda assim, tenho de fazer uma confissão e partilhar que (como adepto viola) duvidei da compra de Alberto Gilardino. Porquê? Pensei que o craque talvez não conseguisse recuperar de épocas menos conseguidas (e mesmo nestas facturou uma quantidade de golos invejáveis para muitos avançados), julguei que 15milhões talvez fosse demais para quem já tinha dado 8milhões pela promessa montenegrina Jovetic (mesmo sendo jogadores muito diferentes) e depois porque o plantel viola conta com um ataque que me parecia suficiente. Puro engano! Pura felicidade por esse engano também. O futebol agradece que Gilardino esteja de volta aos grandes momentos, a história do futebol agradece por se confirmar que o grande Arrigo Sacchi raramente se engana...os adversários choram pois com Gilardino de volta a palavra golo está sempre iminente!

O(s) Mestre(s) e o(s) Aprendiz(es)

Houve em tempos nas balizas de Coimbra uma estirpe de guarda-redes que a história não há-de esquecer pelo seu estilo gingão de defender. A bola bombeada era suavemente agarrada e depois protegida pelo guardião até este chegar ao chão, onde ficava de joelhos para que a bola, como um tesouro, não fosse parar aos pés dos adversários. O catedrático deste estilo, cultivado à beira do Mondego, parece que tem os dias contados na briosa dando o lugar à frieza e ao rigor dos guardiões do leste. Depois de Baia, Pedro Roma parecia o ultimo desta espécie em vias de extinção até que há umas semanas atrás reparei em…Paiva. O ar magricela, o cabelo longo e deslinhado e sobretudo soberbo naquela arte de esconder a bola quando agarrada. Este guardião é mais recente herdeiro da escola lusa de guarda-redes gingões, daqueles que da defesa brilhante juntam o frango monumental, Paiva, pela forma como defende as bolas, como as prende depois de agarrada é uma lição simples daquilo que o guarda-redes hoje (não) deve ser, não tanto o último homem, mas sim o primeiro…

A verdade é que João Eusébio já “roubou” quatro pontos aos grandes Benfica e Porto, depois da chacota que foi empatar em Vila do Conde o Porto caiu na asneira do Benfica e não conseguiu desfeitear esse senhor das redes que se chama Paiva. O timoneiro vila condesse, essa velha raposa do futebol português, está a mostrar que não é tolo nenhum e já lhe chamam o novo Zé Mota. O estilo “broeirão” de quem passou muitos anos a jogar na segunda divisão B esconde uma astúcia táctica só comparada com esse senhor que ainda hoje faz mossa no futebol português, afinal de contas o Leixões espetou dois no Braga que havia aviado (bela redundância) o artemedia por quatro a zero. Meus senhores a liga portuguesa está ai, metam-se os autocarros à frente da baliza, agitem-se as peixeiras, tirem-se os bonés do armário para usar nos flash-interview, inflame-se a opinião pública por cada penalty que não é assinalado e por cada golo em fora-de-jogo, porque para o circo do costume estar completo só falta mesmo o... Jaime Pacheco!

21.9.08

Karim Benzema

Juntamente com Samir Nasri e Franck Ribéry, Karim Benzema é hoje a grande coqueluche do futebol francês. Rapidez, técnica e um “instinct killer” digno de Batistuta são as qualidades que fazem do franco-argelino uma das maiores promessas do futebol mundial.

Diz-se pelos meandros do mundo futebolístico que o controverso presidente do OL, Jean-Michel Aulas, apenas estará disposto a deixar sair o seu menino de ouro por cinquenta milhões de euros. A verdade é que outros campeonatos e outros voos esperam este miúdo de 21 anos, que tem tudo para se tornar o mais prolífero avançado da Europa. Basta olhar para a sua breve carreira para constatar que estamos perante um fora-de-serie, um jogador fenomenal que do nada cria e concretiza um golo. Já neste blogue contei uma “estoria” sobre Benzema que caracteriza muitíssimo bem o seu espírito vencedor, neste post exclusivamente dedicado a ele cabe-me, como é óbvio, voltar a contar esse episódio que se passou na altura que o “petit” Benzema de apenas 17 anos, acabado de ser chamado pela primeira vez à equipa principal, responde às graçolas dos colegas mais velhos do Olympique com a simples frase: “Riam-se, riam-se...que eu estou aqui para vos tirar o lugar..."

A verdade, é que com apenas vinte e um anos Karim Benzema já espalhou o seu veneno e pôs em polvorosa todas as defesas tanto da liga francesa como da Champions League.

Já que falamos em wonder-kids...

Hoje é impossivel desassociar a palavra futebol com o nome Lionel Messi. Leo Messi faz coisas com uma bola nos pés que só uma pessoa nos ultimos trinta anos fez. Esse homem chama-se Diego Armando Maradona. Messi é a excepção que confirma a regra na famosa frase de Thomas Edison: talento é 1% inspiração e 99% transpiração. No menino argentino tudo é inspiração, é o futebol no seu estado mais puro, aquele que nos faz rir e desfrutar, o que desamarra qualquer táctica e que nos prende a um ecrã a pensar que um dia queremos fazer aquilo. Deviamos dar graças a Deus por ver este menino a jogar. Só ele nos dá a certeza que esse tal de Maradona afinal existiu mesmo...

PS: http://www.youtube.com/watch?v=tg9wmcOUXRw

17.9.08

Més que un Club

È quase um denominador comum a todos que gostam verdadeiramente de futebol ter clubes estrangeiros. È claro que nenhum de nós vibra tanto com o Real ou com o United como vibra quando o seu Benfica, Sporting, Porto ou Varzim jogam. Ser benfiquista, por exemplo, é ter inscrito E pluribus unium no seu código genético, ser benfiquista (e insisto nesta condição encarnada porque é a única que tenho conhecimento) está-nos incrustado na pele, é quase como uma inevitabilidade do destino. Ter uma equipa internacional, é uma escolha bem mais racional, que normalmente está alicerçada em argumentos futebolísticos.

Ontem quando o Sporting jogou em Camp Nou afirmei categoricamente que era do Barcelona desde pequenino, nada mais normal já que é o que usualmente ouvido da boca dos anti-benfiquistas (anti-portistas, anti-sportinguistas etc…) quando uma equipa portuguesa joga no estrangeiro. Todavia, quando disse que era do Barcelona, não poderia estar a ser mais genuíno, sou-o desde o momento que comecei a gostar de futebol. Lembro-me, com saudade, dos tempos do “Barça” de Robson onde alinhava Ronaldo, Luis Enrique, Hristo Stoichkov e o meu grande ídolo da altura Luís Figo. É sem vergonha que afirmo que sou do Barcelona só por causa de Figo, digo que é sem vergonha pois no dia que ele abandonou a Catalunha para se juntar ao rival de Madrid eu próprio teria sido uma das cem mil pessoas que o insultou veementemente no jogo do seu regresso ao mítico Camp Nou.

A verdade é que aprendi a gostar do Barça, e hoje vejo-o como a minha segunda equipa tendo mesmo torcido por ele em 2006 quando o Arsenal (outra equipa que adoro) jogou contra o Barcelona na final da Liga dos Campeões desse ano. Olhando para a história dos “culés”, equipa espanhola que encabeçou a luta anti-franquista tendo anos a fio perdido campeonatos por acção directa do “caudilho” conhecido adepto do arqui-rival Real Madrid, e sendo também uma das “armas” de afirmação da região mais desenvolvida de Espanha contra o centralismo operado pelos governos de Madrid, tenho ainda mais orgulho de "ser" dos "blaugurana". É verdade porém, que o F.C. Barcelona é um clube muito sectário, pois não admite que alguém em Barcelona seja contra o “barca” mas apesar de sectário não deixa de ser ao mesmo tempo o clube mais receptivo do mundo. O sectarismo do Barcelona não tem nada que ver com as rivalidades religioso-politicas-xenofobicas típicas de outros clubes europeus, a única condição para se ser aceite em Barcelona é amar o seu clube a cidade, o resto, é insignificante.

Outra característica que sempre marcou a diferença do Barcelona perante os demais clubes europeus, foi a ausência de patrocínios nas camisolas oficiais do clube. Só recentemente e por ter sido a UNICEF é que finalmente a excepção foi quebrada, abrindo um precedente deveras interessante que vem corroborar o brocado popular catalão que classifica o “Barça” como “mes que un club”.

15.9.08

Comunicado

Escrevo este post não desportivo apenas para dar por terminada uma discussão que durou mais do que devia e que tomou proporções escusadas. Considero-me uma pessoa razoável e justa e portanto pedir desculpa por tudo o que disse seria uma profunda hipocrisia portanto não é isso que sucederá. Creio que estive mal em certos comentários pois a maneira como me exprimi foi exagerada, houve juízos de valor que roçaram o insulto e não sendo esta a minha personalidade peço desculpa ao Germano em primeiro lugar e claro a todos os membros activos deste blog já que a troca de palavras que aconteceu nada tem haver com a nossa ideia inicial. Penso que devia ter tido mais calma. Óbvio que, na minha opinião, não fui o único responsável. No meu entender o Germano catalizou grande parte das minhas palavras com comentários descontextualizados, insultos directos e comentários com notória má fé em relação às minhas ideias. Como pessoa educada, responsável e adulta considero que a maneira como dei por terminada a conversa não se adequa a mim. Não basta dizer que não respondo mais após tão duras críticas. Como já disse, creio que o Germano poderia contribuir de maneira positiva para este blog, considerando que não o quis ou não conseguiu fazer pelo menos em relação aos meus textos tenho sincera pena pois o que todos queriamos criar era um blog participativo, sério mas não demais. Falo por mim ao dizer que não tenho nenhuma ambição no mundo do futebol, apenas observar e comentar. Era isso que este blog deveria trazer até nós, discussões de café (sérias, sem o facciosismo clubístico) no computador. Servindo isto para o Germano como para todos os outros, não volto a comentar qualquer comentário que considere "fora de tom", desproporcionado, de má fé ou afins... Recomendo que os comentários de anónimos sejam proibidos e espero que as precipitações retomem o rumo normal.

O meu "Puto-Maravilha"

Tal como os meus companheiros de blog decidi escrever sobre um jogador que me enche as medidas, e John é aquele que de facto me vem de imediato a memoria.

21 anos, cultura táctica, remate invejável e uma capacidade física fora do normal fazem deste diamante africano um jogador de eleição. Longe das épocas de ouro do futebol nigeriano, onde ano apos ano eram lançados jogadores mundialmente conhecidos (Taribo West, Emmanuel Amunike, George Finidi ou Rashidi Yekini) , Obi Mikel surge em grande no mundial de sub-17 representando e liderando as Super Águias.

Nascido a 22 de Abril de 1987, em Jos, Nigéria, começou por dar nas vistas num clube local, o Plateau United. Com 15 anos, Obi era já membro da equipa sénior. Mikel ingressa então no Ajax Cape Town, homónimo sul-africano do famoso clube holandês. No entanto, não durou muito no país dos Springbooks . É este o salto decisivo na carreira do nigeriano, onde realiza o sonho de todo e qualquer jogador de “terceiro mundo” : a chegada à Europa.

O primeiro contacto Europeu da-se com o poderoso Chelsea de Mourinho onde prestou provas no Verão de 2004. No entanto, e meses depois, Obi vai para um desconhecido Lyn Oslo, Noruega. No país de outro John (Carew) encontra um futebol mais físico e exigente a nível táctico, e é com essas características que recua um pouco no terreno e volta a atrair atenções por parte dos Tubarões do Futebol Mundial.

É então em 2005 que o Manchester chega a acordo com o Lyn e paga 4 milhões de libras pela jovem promessa, anunciando um acordo verbal com o jogador. É ai que surge o Chelsea de novo na vida de Obi, e alega ter sido responsável pela vinda do jogador para Europa e reclama assim o direito de opção sobre o jogador. Manchester antecipa a polémica e apresenta John Obi Mikel com a camisola 21 dos reds. Eis se não quando, e durante uma final da taça da Noruega, Mikel desaparece das bancadas e voa para Londres onde assina um pré-acordo com os blues e onde afirma que foi obrigado a assinar pelo o clube rival. Queixas bilaterais acabaram com o seguinte veredicto: John Obi Mikel torna-se jogador do Chelsea com direito a compensação de 24 milhões de euros ao Mancheste United.

É no meio deste turbilhão que Mikel disputa o mundial de sub-20 e conduz as Super Águias à final do mundial onde apenas sucumbe perante a Argentina.

Dia 12 de Setembro de 2005, é o dia da estreia pelo Chelsea e logo na Champions league frente ao Levski Sofia, onde participa numa jogada que acaba em golo. Um estilo de vida boémio e uma temperamento algo agressivo dificultaram a adaptação, expulsões e picardias com Mourinho atrasaram a explosão do craque que apesar disso realizou duas boas épocas. Na última época e por causa de problemas de visão esteve afastado da fase final da época ( e que falta fez).

Começou esta época como pivot defensivo daquele que talvez é o melhor meio-campo do Mundo. Faço votos para que o seu temperamento não o impeça de ter uma carreira ao nível de Kun, Fabregas ou Ronaldo.

Nome: John Michael Nchekwube Obinna (John Obi Mikel). Data de Nascimento: 22 de Abril de 1987 (21 anos). Posição: Médio-centro. Altura: 1,91. Peso: 85kg. Clube: Chelsea FC.

O principe do Emirates

Como o caríssimo JVB escreveu, e bem, “Kun” Aguero é sem duvida alguma um dos mais promissores jovens em ascensão do futebol mundial, porém o meu “wonderkid” favorito não é homem de grandes fintas, nem de muitos golos mas é senhor de uma classe fora do comum, qualidades que vão muito além da sua pequena idade. Se os menos atentos ainda não perceberam de quem estou a falar, é fácil, basta pensarem no menino que enverga o 4 do Arsenal e lembrem-se de todo o bom futebol que sai dos pés do rapaz.

Com 16 anos o Arsenal não se coibiu de pagar por Francesc Fabregas uma pequena fortuna para o resgatar de Barcelona. Logo nessa época (2003/2004), Arsene Wenger não teve qualquer problema em lança-lo as “feras” e tornou-se o jogador mais jovem de sempre a envergar a camisola dos “gunners”. Na época seguinte, o jovem “Cesc” (muito por culpa das lesões dos habituais titulares) conseguiu o lugar no miolo dos londrinos tornando-se rapidamente uma referência da equipa. O caminho ascendente deste prodígio não fica por aqui e um ano depois, já sem Vieira mas com Henry, Ljunberg e companhia foi o motor da brilhante campanha inglesa na época 2005/2006 que culminou na derrota na final contra o super-barça de Rijakaard. Olhando para a carreira recheada de sucesso de Cesc (já foi campeão inglês, já venceu a F.A. Cup e o Campeonato da Europa), pensando que tem apenas 21 anos e que desde os 18 é titular indiscutível na equipa que na Europa melhor futebol joga, e que é ele, o jovem capitão que é a grande maquina desse fantástico meio-campo só posso acreditar que este pequeno tributo é completamente insignificante quando comparado com a sua qualidade futebolística.

Mais do que uma promessa, Fabregas é hoje já uma certeza. Não vale a pena estar aqui com grandes conversas sobre o seu futebol, da maneira como espalha o perfume do seu jogo pelos relvados da “Old Albion”, elogia-lo à boa maneira “Freitas Lobiana”. Não. Para apreciar o jogo de Cesc, basta ligar a televisão ou youtube e esperar que o menino faça a sua magia.

Aqui ficam as estatiscas da carreira de Fabregas (dados retirados da Wikipedia)

Club Season League Cup[63] Europe Total
Apps Goals Assists Apps Goals Assists Apps Goals Assists Apps Goals Assists
Arsenal 2003–04 0 0 0 3 1 0 0 0 0 3 1 0
2004–05 33 2 4 8 0 0 5 1 0 46 3 4
2005–06 35 3 5 2 1 0 13 1 0 50 5 5
2006–07 38 2 13 6 0 2 10 2 1 54 4 16
2007–08 32 7 20 3 0 1 10 6 3 45 13 24
2008–09 2 0 0 0 0 0 1 0 0 3 0 0
Career totals 140 14 43 22 2 3 39 10 4 201 26 49

14.9.08

SERGIO "KUN" AGUERO

Há tanto para dizer sobre este menino que com apenas 20 anos, já se começa a afirmar como um dos mais interessantes jogadores da actualidade sendo inclusivamente a estrela do Atl. Madrid. Aguero, ou como lhe chamam, Kun Aguero bateu já alguns recordes (transferência mais cara do futebol argentino, estreia com apenas 15 anos etc) ganhou já alguns prémios (Campeão mundial Sub-20, melhor marcador e melhor jogador mundial sub-20, ouro olímpico) mas o seu melhor cartão de visita continua a ser o seu futebol repleto de técnica e classe. Comecei a ver Kun a jogar no já falado mundial sub-20, afirmou-se como estrela da equipa, marcou 6 golos em 7 jogos sendo que um deles deu o título contra a Nigéria. No Atl.Madrid ainda formou dupla com Torres mas foi após a saída deste que a ascensão em Espanha começou. A época passada foi um sonho para Aguero, vários golos, grandes exibições (quem quiser rever o jogo contra o Barça no Vicente Calderon aconselho vivamente) e o objectivo de jogar este ano na Champions conseguido. Entretanto, e com o ouro olímpico conseguido começa a afirmar-se nos A's argentinos onde recentemente contra o Paraguai deu o empate à equipa da pampas. Aguero é um jogador baixo (1,72) mas compensa esta baixa estatura com uma capacidade técnica invejável e uma grande capacidade de finalização. A sua finta curta é a imagem de marca. Faz lembrar Romário, pela estatura, pela maneira como remata. Pode aspirar a uma carreira de topo e tudo leva a crer que o conseguirá. Marca golos de todas as formas, meia distância, a driblar meia equipa, em jeito, em força, enfim...um génio em ascensão. Consta que este ano rejeitou mudar-se para o Chelsea. Fez bem. O Atl. Madrid é uma equipa que lhe permite crescer como jogador, o futebol espanhol também me parece mais adequado a Aguero. Ao contrário de Torres, Aguero aguenta a pressão de ser a estrela do AM. Freitas Lobo escreveu que Torres em Liverpool ganhou com o facto de não ter de aguentar toda a pressão a que era sujeito em Madrid. Concordo. Aguero tem muito melhores jogadores a suportar o seu jogo do que tinha Torres e creio que este ano os colchoneros poderão intrometer-se na luta pelo título. Por todo o bom futebol que este jovem mago nos proporciona, todos os golos, todos aqueles centros milimétricos, toda magia espero pelo futuro para o ver lutar pela bola de ouro juntamente com Messi e Ronaldo! Com Valdano podemos dizer que sendo Aguero casado com a filha de Maradona que comece a corrida entre os empresários para garantir o neto de El Pibe e o filho de El Kun.

8.9.08

Uma referência, este homem!

Não é muito rápido mas consegue acompanhar todas as jogadas, não é um fantasista mas consegue por um estádio de pé com um passe de 30 metros, apesar de não avançado marca golos com facilidade, fisicamente é alto, esguio e até um pouco desengonçado, fugindo portanto ao ideal atlético de um criativo. Tacticamente é perfeito, sabe pautar o jogo como ninguém, encontrando espaços que mais nenhum jogador vê. Há primeira impressão nem é daqueles jogadores que dá muito nas vistas com grandes fintas, remates ou correrias, todavia é o “motor” que faz rodar a sua equipa pois é fundamental em todos os processos; quer na transição defesa-ataque, quer em operações defensivas ele é a referência, o pêndulo que comanda o fio de jogo do seu clube. È hoje, para mim, o melhor e mais completo jogador da liga. Meus senhores, peço a vossa ovação pois vai entrar em campo…Lucho Gonzalez.

6.9.08

Sub"rendimento"-21 em Wembley

Depois de uma fraca exibição frente a uma também fraca Czech, depois de ouvir responsáveis falarem em caracter para a deslocação a Wembley e principalmente depois de saber o talento inquestionável dos convocados, aguardava o confronto com a congenere inglesa com alguma ansiedade. Pois bem, chegada a hora da partida sentei-me no sofá e depressa comecei a perceber que a minha expectativa não ia ser traduzida num bom resultado. Apesar de termos tido uma primeira parte menos ma e se calhar ate superior a dos pupilos de Stuart Pierce a verdade é que não passou de mais uma visita de estudo para umas crianças com penteados bonitos liderada por um treinador pouco capacitado para a activade (característica recorrente para o cargo). Começando pelo guarda-redes percebo que a escolha recaia em Rui Patrício, pois o nosso melhor de seu nome Ricardo Baptista não passa da terceira escolha do clube onde o inseguro Patrício actua. Depois, e por muito que aprecie Pereirinha deixar João Pereira no banco quando o objectivo é ganhar o jogo e atacar, parece-me a mim que é falta de trabalho de casa. Pereirinha fazia falta onde ele realmente faz a diferença, curiosamente na sua posição natural, mas para Caçador o segredo esta em complicar ou não aparecesse ao lado de Nuno André Coelho, cuja percentagem de passes certos não deve ter passado dos 50%, um Vasco Fernandes (incompetente polivalente português) que tinha como principal missão marcar uma das estrelas inglesas(Angbonlahor) que tem na velocidade a sua principal arma(quantas vezes Vasco Fernandes acompanhou o avançado do Aston Villa? 0). Uns metros a frente surge o meio-campo “maravilha” sem Pele mas composto por Miguel Veloso, Manuel Fernandes(cap) e Paulo Machado, “maravilha” ou não a verdade é que Veloso não cumpriu, Fernandes esforçado mas desafinado e por fim um Paulo Machado de bom nível ate cometer penalty que mata as escassas hipóteses lusas, não se recompôs e Rui Caçador só se apercebeu quando já não havia capacidade para pegar naquele meio-campo. Na frente apareceram os individualistas Bruno Gama, Vieirinha e Vaz Te que apesar de corajosos, nome que gostamos de dar aos inconsequentes alas portugueses. Pois bem...a Inglaterra teve mérito claro, pois Hart, Agbonlahor, Muanba e Noble mostraram ser bons jogadores mas não se aceita o fracasso. Ainda colocamos Candeias que entrou bem no jogo, Stelvio que era o peso que o meio-campo precisava desde o inicio e João Moreira que mostrou ser menos tenro que Vaz Te, mas não deu para suster as constantes arrancadas inglesas, fazendo lembrar uma das grandes imagens dos JO quando Usain Bolt arrasou a concorrência. 2-0 foi o resultado final e citando Stuart Pierce “Podíamos ter ganho por 4 ou 5”. Como português e teórico da bola tenho o dever de exigir mais da próxima geração e não esperar constantemente que venha o “salvador” Postiga com um golo com a mão. Chega de vedetismos, Chega de falta de organização e Chega de imaturidade. Que os A's façam o seu trabalho e continuem a puxar o nome deste pequeno pais para cima, porque entretanto e enquanto se lê este post Veloso e companhia estão de calculadora na mão.

5.9.08

O dinheiro do país do ouro negro

Desde 2003, quando o multi-milionário Russo Roman Abramovich comprou o Chelsea a Ken Bates por 140 Milhões de libras, que sabemos que os “petro-dolares” haviam invadido o mundo do futebol. As velhas oligarquias de industriais ingleses, como Bates, perderam o poder financeiro para manter um clube de futebol e homens com o passado sinistro e muitos milhões nas carteiras passaram a ser figura central da “Premiership”. Cinco anos volvidos, um homem, ainda mais sinistro que o velho Roman e com uma fortuna que faz parecer o Américo Amorim um pelintra adquiriu o Manchester City por 250 milhões de Euros tendo no mesmo dia comprado Robinho ao Real Madrid. Até aqui nada de novo, mais um dos novos oligarcas que quer estoirar um pouco do seu dinheiro proveniente de negócios imobiliários ou do petróleo num clube de futebol. O problema que este Sulaiman Al-Fahim quis alterar toda a lógica do mercado e decidiu declarar publicamente o interesse em contratar Cristiano Ronaldo por 170, cento e setenta, milhões de euros. Não sendo suficiente contar com o astro madeirense e com Robinho, o bilionário do Dubai, a face visível do Abu Dahib United Group um fundo de investimento saudita que está a patrocinar os “citizens”, parece que ainda quer comprar metade das estrelas mundiais. Consta que até Dezembro há 700 milhões de euros para gastar em transferências, o que se confirmar vai tornar Florentino Peres e a sua equipa galáctica numa verdadeira anedota./div>
Para não falar da total imoralidade que é gastar 75 milhões num jogador de futebol (recorde actual de transferências) pense-se na verdadeira patetice que é esta proposta por Ronaldo. Parece que o futebol que se capitalizou para conseguir melhores resultados: as transferências milionárias sucederam-se, os contratos de publicidade eram assinados por muitos milhões, os “tubarões” europeus possuíam a hegemonia da mais importante competição de clubes do mundo, até que o capitalismo fez das suas e tornou o futebol num show-buisness totalmente descontrolado. Se isto não for o maior “bluff” do mundo desportivo, estamos infelizmente a assistir ao fim de um modelo de subsistência das equipas, será a vitória dos “petro-dolares” e do capitalismo selvagem sobre o futebol e o desporto em geral, dirão os mais radicais. A verdade é que este mundo do Abu Dahib United Group extravasa a própria lógica capitalista, de procura de lucro e de alimentação de ciclos produtivos através de investimento e consumo, passando a perdurar apenas o valor do dinheiro e da pura ostentação não interessando minimamente a origem e o porquê da existência desse dinheiro. O capitalismo pressupõe o investimento como meio para a criação de riqueza, ora com este tipo de injecção de capitais torna-se inviável qualquer tipo de retorno financeiro num clube de futebol, o luxo e o hedonismo venceu sobre o futebol e sobretudo sobre o próprio capitalismo. Adam Smith, David Ricardo e companhia ficariam aterrados se assistissem a este triste espectáculo./div>
Se era publicidade que este grupo precisava, é um golpe de génio ventilar tanta notícia estapafúrdia, todos nós sabemos da importância social do futebol e não há meio melhor para se tornar conhecido na Europa Ocidental do que dizer que se quer ter o Káká, o Messi e o Ronaldo na mesma equipa. Mas se a intenção deste sinistro homem é perdurar o seu nome pela história, não seria melhor investir tanto milhão em algo bem mais produtivo que o futebol?
P.s Não deveriam Platini e Blatter, caso estes rumores se confirmem, actuar?

4.9.08

O MEU FUTEBOL

É comum nas conversas de café falar-se de qual a nossa liga preferida. Comum é também a resposta: Premiership, ou então, La Liga. Compreende-se, na primeira o kick and run, a agressividade, a lealdade (que nas últimas épocas já não é tão notória), a força e claro, Ronaldo, Fabregas, Torres, Gerrard...! É sem dúvida a liga mais competitiva, com mais exposição mediática e a que também soube aproveitar melhor o negócio futebol. A segunda apresenta um recorte técnico invejável, tem várias equipas semelhantes, tem constantemente equipas emergentes (Villareal, Getafe, o sobe e desce de Valência, Sevilha etc...) e tem Barcelona e Real Madrid que sempre que se encontram a Europa pára. Quanto a jogadores os nomes são imensos como em Inglaterra, porém estão espalhados por todas as equipas. Vejamos os homens-golo: na minha opinião os melhores sao Villa e Aguero (este, actualmente, é o jogador do mundo que mais me cativa) e estão em equipas do meio da europa. O que quero realçar nesta competição é a qualidade individual de cada plantel, cada jogo fora é uma batalha, cada jogo em casa é imprevisível, cada jornada traz no mínimo dois grandes jogos e a luta é sempre acesa em qualquer ponto da tabela. Porém, o meu futebol, o que me faz ficar quase todos os domingos à hora de almoço no sofá é o Italiano. Já foi a liga mais poderosa do mundo, perdeu essa hegemonia, caiu num buraco financeiro sem fundo, perdeu-se nas teias da justiça mas dá mostras de estar a voltar. No calcio não há um único jogo ganho antes do árbitro apitar e os jogadores tomarem banho. Exemplo recente: Milan-Bolonha. O monstro europeu ataca, Ronaldinho espalha a sua renovada magia, Pato entra e pensa-se que o Milan iria conseguir...o jogo estava 1-1 com a equipa forasteira a marcar primeiro...do nada sai um tiro do meio da rua e 1-2! A equipa recém promovida ganha o jogo. A cultura táctica de cada equipa em Itália é um hino ao futebol. Do jogador mais novo ao treinador mais velho todos são "velhas raposas", parece que desde pequenos começam a beber do saber de Trapatoni e de Arrigo Sacchi. Um case study é Luciano Spaleti. A equipa romana aprendeu a ser o já citado "camaleão táctico" controlando os tempos de jogo, sabendo atacar e defender e principalmente fazer as transições entre estes dois momentos de forma brilhante. Depois, há planteis interessantes. Fiorentina, Udinese, a perigosa Samp. onde o 3:5:2 assusta tal a maneira brilhante como é interpretado. Na equipa de Florença cada jogador ocupa um espaço insubstituíel no modelo de jogo. Prandelli de facto ressuscitou este histórico. Juntando a tudo isto a Juve, o Milan e o Inter de Mourinho temos uma liga onde as palavras escasseiam para a poder definir em todo o seu potencial. Este ano com Mourinho o Calcio ganha novo interesse:ver como o special one irá sair-se na liga mais táctica do mundo. A minha análise leva-me a crer que Mourinho irá ter imensas dificuldades, até pelo legado interno que Mancini deixou. Já sabem, 14h de domingo, a táctica no pequeno ecrã!

3.9.08

Notas Soltas

È sem duvida diferente a forma como Queiroz lida com o seu cargo de seleccionador relativamente ao seu antecessor. A primeira prova, de como um bom trabalho poderá vir a ser realizado pelo professor aconteceu já esta ultima sexta-feira com a grande exibição de um proscrito de Scolari que nunca se deu ao trabalho para observar um jogador que em Portugal não deu nas vistas mas que na capitalista Russia de Putin e Medvedev brilha tão incessantemente como as principais estrelas do gigante do leste./div>
A “geração scolari” ou “família Scolari” como os nossos brilhantes jornalistas tanto gostavam de apelidar, foi desfeita principalmente com a saída do filho protegido Ricardo. Com a defesa intransigente de um jogador que não tinha condições nem técnicas e muito menos psicológicas para ser o principal guardião da nossa selecção, Ricardo acabou por ser a principal vítima da teimosia do Brasileiro. Afirmo que é a principal vitima porque a credibilidade do guardião do Montijo é hoje quase nula no nosso país, e para história não ficarão as penalidades defendidas contra a Inglaterra em 2006 nem o Guarda-Redes que foi o esteio de um Boavista campeão, perdurará a imagem de um jogador amargurado e perseguido pela opinião pública, tristemente celebrizado por uma saída desastrosa que nos custou umas meias-finais de um europeu. É pena, mesmo não sendo um admirador de Ricardo, penso que merecia melhor sorte./div>
Pedro Mendes. Recordem este nome. Campeão Europeu pelo futebol clube do Porto em 2004, partiu para Inglaterra à procura do protagonismo que na sua pátria nunca encontrou. Lesões e problemas com um treinador impediram-no de se afirmar completamente em terras de sua majestade. 3.8 milhões de euros pagos ao seu antigo clube foi o suficiente para convencer Harry Redknapp a liberta-lo para o Rangers, na Escócia terá a oportunidade única de jogar o mais louco e sectário derbie da Europa ocidental: “a old Firm”. De um lado a minoria católica do Celtic do outro a fúria azul dos protestantes, o Rangers. Duas equipas, a mesma cidade, duas facções religiosas diferentes, uma mistura alucinante de sentimentos dentro de um estádio abarrotar de uma massa elouquecida por cada passe que rola no relvado. /div>
Correu bem a Pedro Mendes a sua primeira “old Firm” o rangers venceu 4-2 e o internacional português marcou um golo, e que golo, tornando-se a grande atracção dos protestantes. Para quem a semana não correu bem foi para os crónicos candidatos de Espanha e Itália. Porquê? Nenhum deles venceu. Barcelona, Real Madrid e Milão perderam os seus jogos e Inter, Juventus e Roma não foram além de um empate contra Sampdória, Fiorentina e Nápoles respectivamente. Para contrastar esta onda de maus resultados o Atlético “espetou” quatro e segue isolado na frente de “La Liga”. Se em Espanha penso que será uma luta a dois, que poderá ser a cinco se Villareal, Valencia e Atlético conseguirem confirmar o potencial com que contam nas suas fileiras, em Itália o tónico principal será observar até que ponto o renovado Milão, a renascida Juventus, e a sólida Roma de Spalleti conseguirão beliscar a hegemonia do Inter. A verdade é que a nível interno Mancini portou-se sempre bem e só os insucessos internacionais puderam afastar o antigo avançado da Lázio do comando da equipa Milanesa, Mourinho que agora conta com o “mustang” Ricardo Quaresma terá o principal desafio de vencer a tão almejada Liga dos Campeões Europeus. /div>
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A bola já rola por toda a Europa e os teóricos estão atentos…