31.10.08

Liedson e a selecção

Se Liedson se naturalizar, como tem direito, e decidir alinhar pela selecção nacional de futebol, a equipa das quinas ganha inequivocamente a qualidade na frente de ataque que nos últimos anos tem faltado. Liedson é um avançado móvel de grande talento que assentaria que nem uma luva no esquema de Queiroz e viria colmatar a grande lacuna que todos os portugueses reclamam desde que me lembro. Como disse atrás, o “levezinho” está constitucionalmente apto para adquirir a nacionalidade portuguesa e como nunca representou nenhuma selecção jovem do seu país, não contrariando as rígidas leis da FIFA, fica consequentemente um jogador disponível para jogar pela selecção portuguesa.

Tem sido controversa esta questão da inclusão ou não de brasileiros na equipa nacional. Há quem advogue que quem se opõe a chamada de estrangeiros para o futebol se deveria também opor a nacionalização de atletas como Francis Obikwelu ou Nelson Évora. A priori e sem considerar o backround social evolvente estes argumentos estão correctos, de facto e usando a expressão latina de a “quid pró quo” Liedson tem tanto o direito de representar a selecção nacional de futebol como Obikwelu tem o direito de representar Portugal nas Olimpíadas. Felizmente para a vida humana, nem tudo se resume a argumentos de carácter lógico-dedutivo, e fazendo uso dos ensinamentos filosfico-juridicos que me foram transmitindo é preciso tratar igual o que é igual e de modo diferente aquilo que é efectivamente…diferente. E o caso de liedson é diferente do de Obikwelu, pois o brasileiro nem chegou a Portugal aos 14 anos, nem nunca trabalhou nas obras para sobreviver, nem nunca foi (se não estou em erro) adoptado por nenhuma família portuguesa. Portanto se o primeiro chegou a Portugal com um contrato milionário e já em idade adulta o segundo é um caso típico de imigração que só a grande custo, esforço e sacrifício conseguiu singrar na vida, para não falar do exemplo que Francis Obikwelu é de integração de uma minoria étnica e racial no nosso país.

Mesmo assim, e considerando que o caso de Liedson é diferente do de Obikwelu (para não ter que falar de Pepe) e tentando resumirmo-nos a questões meramente futebolísticas, considero que a inclusão do jogador do Sporting na equipa nacional irá trazer a curto prazo um acréscimo substancial de qualidade mas que a médio/longo prazo terá consequências, se não digo nefastas pelo menos prejudicais. Porquê, se ele é assim tão bom? Simplesmente porque a chamada de Liedson é simplesmente uma amenização do problema e não a sua resolução. Com Liedson naturalizado teremos um avançado de 33 anos que estará a tapar o lugar a potenciais jogadores portugueses que poderiam evoluir se tivessem essa a oportunidade, mais se para resolvermos esta lacuna for preciso bater no fundo na questão dos pontas-de-lança que seja, não vale a pena adiar os problemas, é preciso enfrenta-los. Até porque é em adiar os problemas e as dificuldades que os portugueses se têm especializado.

Não sou um nacionalista. Não defendo a segregação das raças, e muito menos argumento a favor de leis restritivas á imigração. O mundo está diferente e a livre circulação de pessoas é uma realidade inquestionável. Agora quando vemos por força da globalização a diluição das características de um povo e da competitividade entre os povos, penso que o desporto é o campo ideal para se exacerbar o patriotismo. Não sou contra a inclusão de um ou dois estrangeiros que gostem do país e se sintam em casa em Portugal (vejam o caso do Pepe que levou a bandeira nacional quando o Real foi campeão) agora não me peçam a assistir em pávido e em sereno à “brasileirisação” do nosso futebol. Com a quantidade exageradamente aviltante de canarinhos a jogar em Portugal, só falta que os tugas qualquer dia sejam como a selecção italiana de futsal que não tem um único italiano de origem.

P.S. Lembram-se do “caso” de Liedson com Paulo Bento? Aquele que ele ficou uns dias a mais no Brasil sem autorização para o seu filho nascer lá? Posso estar a exagerar mas isto para mim é o exemplo de alguma coisa, não?

30.10.08

MARADONA TREINA ARGENTINA

O título tinha de ser este. Não adianta tentar adornar as palavras, nao vale a pena encontrar metáforas ou criar um título que mostre a minha opinião logo à partida pois estes dois nomes juntos com o verbo treinar chegam para criar uma bomba no mundo desportivo. Diego Armando Maradona, melhor jogador de todos os tempos (pelo menos para mim), ex toxicodependente, figura socio-política muito polémica, homem de coração na boca e talento nos pés, herói para todos (mesmo para os que também o consideram vilão) consegue chegar ao cargo de seleccionador argentino. Consegue. A verdade manda que se diga que se insinuou ao cargo, publicamente. Que importa? Com toda a sua influência fez pelo realizar um sonho e um objectivo, conseguiu-o e agora o mundo certamente terá sempre os olhos postos na equipa das pampas. Entre os objectivos Maradona fala de Messi (presente e futuro) de Verón e Riquelme (passado que faz falta no presente).Conta com os três e no meu entender bem. Se concordo com a escolha? Concordo inteiramente com a decisão de El Pibe ter Carlos Bilardo com ele. Quanto ao eterno 10, não sei. O racional diz-me que a escolha não é a mais acertada (numa sondagem os povo argentino também não acha). Maradona nunca treinou uma equipa com a dimensão desta selecção (apenas treinou o Racing Club e o Deportivo Mandiyu num total de 23 jogos apenas com 3vitórias), o seu curriculum social dá-lhe "muitos contras". Porém, ele é O Maradona (aqui entra a parte (i)rracional) e eu espero sempre o melhor dele, quero o melhor dele, acredito que bem acompanhado poderá ser um exemplo e uma inspiração para a equipa. Para já o que falou , falou bem. Uma coisa é certa, o mundo do futebol ganhou mais umas páginas largas para se escrever...A novela da vida de Maradona entra num novo capítulo.

27.10.08

lamentável.

O Benfica é o clube dos rústicos. Se formos ao estádio da luz vemos a maior concentração mundial de bigodes. O benfiquista é bêbado e bate na mulher. O benfiquista tem dificuldade em usar o pretérito mais que perfeito e se não fosse para ir á catedral provavelmente nunca tinha ido a Lisboa. O benfiquista para certas pessoas é isto e tudo mais. Parece porém que apesar do benfiquista ter quatro quintos dos males nacionais e de ser culpa do Benfica o estado da nação, nunca no Benfica aconteceu isto: http://www.record.pt/noticia.asp?id=809753&idCanal=17

Perdoem-me a parcialidade, Mas não consegui resistir. Já agora o Rodriguez já deve estar a pensar que se calhar devia pensado mais do que 5 minutos antes assinar pelo Porto.

26.10.08

Tentem...

Tentem imaginar o futebol como o conhecem, 22 a jogar, três a arbitrar, um campo delineado por umas linhas brancas e claro uma bola. Agora imaginem que, estão a ver um jogo mas nao conseguem ver as linhas, isto é, não se sabe se a bola saiu ou continuou dentro, se vai ser um bom corte ou um ressalto feliz que dará um contra-ataque. Devem estar a pensar...de que é que este gajo está a falar? Fácil. Do grande campo da mata real, que tem várias coisas fantásticas que mexem com a visão (como sentido) de todos nós. Primeiro, conseguimos ver a casa do Zé Mota de dentro do estádio, segundo, da Tv não conseguimos ver as linhas que delimitam o "espetáculo". Tentem agora imaginar-se num teatro ou cinema, num filme v.g. de 90 minutos e chegam ao fim e reparam que o espetáculo durou só 45. Onde aconteceu? eu digo-vos. Na Mata Real hoje, no campo do Trofense na sexta e consta que sempre que o Jaime treina uma equipa. Só hoje no Paços SCP existiram 37 faltas, e entre cada uma para que o jogo começasse havia um intervalo de tempo a rondar os 20 minutos. Ainda hoje na luz, o GR da Naval começou a queimar tempo aos 2 minutos...foi quando tocou na bola a primeira vez. Posto isto, tentem gostar da liga Sagres, onde em casa se ouve o Zé do estádio a dizer "ESTÁ NA HORA", ou onde os golos são festejados não com um coro de 15mil (creio que não é muito) a cantar um GOOOOOOOOLO mas com uns berros da Amélia e do Tó e umas palmas (des)sincronizadas...Eu bem que tento mas não consigo gostar. Podem dizer que é competitivo. Pois, lá isso é. Porém se me puserem a mim e ao ilustre JFC a jogar ping-pong, ou ténis de mesa, também é competitivo mas se calhar não é um bom espetáculo. Felizmente há futebol internacional, felizmente lá fora há liga dos campeões, felizmente há jogos como o Villareal vs Atl.Madrid de hoje, felizmente há equipas como o Barça a jogar futebol que nos poupam o esforço de tentar gostar de algo, limitamos-nos a ver e a gostar....

25.10.08

Saudade ....

Faz hoje onze anos que, Diego Armando Maradona jogou sua última partida como jogador profissional de futebol – mesmo que o próprio ainda não tivesse a certeza de que este jogo era mesmo a sua despedida. No dia 25 de outubro de 1997, cinco dias antes de completar 37 anos, o eterno camisa 10 do Boca Juniors entrou no campo do estádio Monumental para um clássico contra o River Plate. Os xeneizes venceram por 2 a 1. Algumas horas depois, já em casa, com muitas dores e sem vontade de voltar a treinar, Maradona avisou: “Não dá mais”. No seu aniversário, anunciou pela oitava vez a sua aposentadoria – dessa vez foi definitivo. Esta semana, uma década depois do fim da “era Maradona”, o craque jogou uma partida de futsal em numa cidade próxima de Buenos Aires e viu o ginásio lotado para vê-lo com a bola nos pés. Os argentinos aproveitam qualquer oportunidade para assistir ao show dado por aquele que consideram o melhor jogador de futebol de todos os tempos (Nunca viram jogar o Milton do Ó). O jogo A partida-despedida de Maradona foi a última que o River perdeu antes de se tornar o campeão do Torneio Apertura daquele ano. O Boca tinha um time que, além de Dieguito, contava com os jovens Martín Palermo e Juan Román Riquelme, que entrou justamente no lugar de Maradona no intervalo do jogo. A escalação titular do time naquele dia contava com Oscar Córdoba; Nelson Vivas, Jorge Bermúdez, Néstor Fabbri, Rodolfo Arruabarrena; Nolberto Solano, Diego Cagna, Julio Toresani, Diego Maradona; Claudio Caniggia e Martín Palermo. Provavelmente o resultado positivo ajudou o argentino a anunciar seu adeus, pois alguns amigos dizem que o craque estendeu sua carreira mais do que aguentava só para poder sair com uma vitória sobre o arqui-rival. Na verdade, a maior pressão para o fim da trajetória de Diego no futebol foi um exame antidoping que deu positivo na partida anterior, contra o clube que o revelou – o Argentinos Juniors. Sem forças para enfrentar mais um processo desses, Maradona pendurou as chuteiras. Problemas pessoais No início de 2000, Maradona sofreu um ataque cardíaco em Punta Del Este, no Uruguai, e passou vários dias na UTI. Cuba e Fidel receberam "el pibe", onde morou durante alguns anos para fazer um tratamento contra o seu vício pela cocaína, mas é sabido que ele não seguia as recomendações médicas à risca. Maradona recuperou-se, emagreceu e chegou a virar apresentador de um programa de variedades na televisão Argentina (chegou a entrevistar Pelé e Xuxa), mas no começo de 2007 voltou ao hospital, dessa vez por problemas com o álcool. Se recuperou novamente, e hoje joga ocasionalmente partidas de Showbol, mostrando que, como nos tempos de jogador, é muito difícil derruba-lo.

21.10.08

"Pequeno" Esquecimento

Li esta semana na crónica de Luís Freitas Lobo(LFL) no jornal expresso que Vicente del Bosque considerava o melhor jogar do mundo, não Ronaldo muito menos Messi mas sim…Xavi. Que resposta absurda pensarão todos, mas a verdade é que tanto del Bosque como Freitas Lobo justificam com alguma razoabilidade esta posição. Os dois sustentam que apesar de se tratar de um prémio individual o futebol é um jogo colectivo e por isso o melhor jogador do mundo é aquele que mais contribui para a fluidez de jogo, isto é, seguindo a ordem de ideias destes dois especialistas o melhor do mundo não é o jogador que individualmente se destaca mas sim aquele que faz com a sua equipa jogue.

Afirmo desde já que não concordo com esta opinião. O melhor do mundo tem que ser o jogador mais eficaz, o mais decisivo desse ano, aquele que qualquer equipa tem medo de defrontar. Xavi apesar de um centro-campista soberbo não é o jogador mais decisivo do ano. Fazendo as apresentações ao tema, vamos ao que interessa. A lista dos candidatos da prestigiada france Football para a bola de ouro, só tenho uma coisa a perguntar, que raio é aquilo? Num ano de 2008 em que a Espanha é campeã europeia e o Iniesta que para mim é o melhor do europeu não está lista, a credibilidade da revista vem por água abaixo. Tudo bem que não preciso levar à letra tudo o que o del Bosque e o LFL dizem mas também não custava nada colocar um dos melhores médios-centros do mundo no rol de candidatos que conta com jogadores como Zhirkov, Pepe, Sergio Ramos, van der Saar ou Marcos Senna. Sem querer tirar qualidade a estes homens, porque é inegável que todos eles a têm, nenhum pode estar á frente de Iniesta numa hipotética eleição de melhor jogador do mundo.

A qualidade de passe e de desmarcação, a visão de jogo e rapidez de decisão fazem deste produto da cantera do Barça um verdadeiro craque. Para quem esteve menos atento, repare que Iniesta fez todo o Europeu numa posição que não é a sua e mesmo assim não baixou o nível exibicional. Ele marcou golos, fez assistências, correu por todo o flanco direito, veio ao meio, defendeu, em suma foi um autêntico regalo para um amante de bom futebol. Espero que tenha sido apenas um “esquecimento” e que ao menos a France Football faça justiça quanto ao vencedor. Pela minha descrição supra-citada já podem adivinhar quem é a minha aposta, não?

16.10.08

a vida de pernas para o ar...

Portugal voltou a perder pontos num jogo de apuramento para o mundial de 2010 e desta vez foi em casa e contra a…Albânia. Pois e se juntarmos a uma exibição cinzenta e a um resultado medíocre contra uma equipa ainda mais medíocre o facto que Portugal ter jogado com mais um toda a segunda parte, estamos perante não um mau resultado mas sim a assistir a uma verdadeira hecatombe. Está na altura de Carlos Queiroz tirar as devidas ilações do que se tem passado e que mude rapidamente o rumo dos acontecimentos sob pena de não carimbarmos a passagem para a Africa do Sul. Deixemo-nos ,para já, de alarmismos típicos de quem é português e julguemos o trabalho do professor apenas no fim e não no inicio porque para condenações a priori bastou a inquisição.

Ora bem, e apesar dos tempos difíceis de crise financeira internacional, do “escândalo” da entrega do OE 2009 à Assembleia da Republica e dos maus resultados da selecção nacional o objectivo neste post é bem menos ambicioso e pretende apenas falar do…Nani. Lembro-me que na altura que um amigo meu e comentador nesta casa teve que engolir todas as suas profecias da desgraça sobre o futuro do Nani quando este foi contratado a peso de ouro, eu ainda não estava plenamente convencido de que estávamos perante uma estrela em ascensão. Hoje tenho quase a certeza que o rapaz é um bluff tão grande como as negociações japonesas com Estados Unidos dias antes do ataque nipónico a Pearl Harbor. Não é que o luso-caboverdiano (há que chamar as coisas pelos nomes) não tenha talento. Ele é rápido, tecnicista e tem um bom remate, o problema que ele é tem tanto de técnica nos pés como ar na cabeça e não consegue decidir como deve ser nenhuma jogada. Quando tem que fintar, cruza. Quando deve cruzar finta. Sempre que quer fazer um passe, arrepende-se e volta a fintar. Em suma é verdadeiro trapalhão cujo a maior limitação é pensar que pode chegar ao nível da máquina que é o Ronaldo. E depois, sabem o que é que me irrita mais nele? Quando marca golos...O tipo salta, corre, grita ou seja parece que quer levar o circo a um estádio de futebol.

Oh Nani desculpa lá a agressividade do post, mas sem o Scolari cá, em quem é eu hei de descarregar as minhas frustrações? Hum…para a próxima talvez seja o Madail.

P.S Agora falando um pouco mais a sério, penso que o Nani tem tudo para se tornar um bom jogador menos cabeça. A forma como se coloca no relvado, e sobretudo as decisões que vai tomando demonstram uma inexperiência que não se compreende a este nível. è bom que ele entenda que mais do que se ser um jogador desiquilibrador, para se ficar na história é preciso ser um jogador decisivo. Sim, aqueles que resolvem jogos.

14.10.08

...

Porque a beleza no desporto não se resume apenas aos lances de Maradona e companhia.

6.10.08

Rescaldo(s)

O fim-de-semana desportivo, ou futebolístico se assim o entenderem, trouxe-nos dois clássicos da península ibérica. Sporting X Porto e Barcelona X Atlético de Madrid foram dois jogos totalmente diferentes. Começando pela cidade condal, o Barça para gáudio do seu publico bateu sem apelo nem agravo o Atlético por 6-1. Ao intervalo o jogo já se pautava por uns contundentes 5-1 e Léo Messi ia confirmando a candidatura a melhor do mundo espalhando o perfume do seu futebol. Apesar da magia de Messi, a força deste Barcelona encontra-se nos dois homens do miolo. Os dois meninos da cantera blaugurana, Xavi e Iniesta são hoje indiscutivelmente os patrões desta equipa, sendo fundamentais nas transições defesa-ataque, conduzindo velozmente (e com muita classe) a bola. De salientar é também a inclusão de Basquet à frente dos centrais Piqué e Rafa Marquez. Pouco mais a dizer, o Atlético enxovalhado no Nou Camp e parece que o espectro do insucesso que pairava sobre a cabeça de Guardiola começa a desanuviar.

O “nosso” clássico fica ligado a um nome, Lucilio Baptista. Não que o resultado esteja directamente associado ao arbitro de Setúbal mas este conseguiu voltar a mostrar a sua classe assinalando várias faltas estapafúrdias, como o penalty de Tomás Costa sobre Moutinho ou a não expulsão do mesmo Tomás Costa e de Derlei. Não vale a pena falar mais de arbitragem, abri apenas o precedente por o arbitro ser quem é, e se nos lembrar-mos que este senhor apitou na fase final do Euro’2004 é fácil entender qualquer tipo de indignação. Infelizmente para o Sporting pareceu-me que Paulo bento equivocou-se na escolha do onze para este jogo. Quis apostar nas debilidades nas alas demonstradas pelo Porto no Emirates Stadium mas inclusão de Derlei e Djaló não só não criaram dificuldades a defesa azul e branca como contribuíram para um défice de equilíbrio no meio campo. Notou-se bem a diferença do jogo com e sem El Pipi Romagnoli que apesar de não ser um desequilibrado nato conseguiu dar alguma consistência e acutilância ao jogo verde-e-branco. O futebol clube do porto sem conseguir uma grande exibição arrancou uma preciosa vitória. Nada melhor do que ganhar no terreno de um dos rivais para apagar os fantasmas da passada quarta-feira. Bruno Alves foi sem duvida o melhor em campo, imperial a defender e decisivo na frente com dois livres em que um foi golo e o outro esbarrou caprichosamente na baliza de um desastrado Rui Patrício

Em Inglaterra o campeonato começa a aquecer. O Arsenal depois da exibição de gala contra o Porto voltou a marcar passo empatando com o Sunderland de Roy Keane. Começam a ser perigosos estes sucessivos desaires dos gunners que vão sendo intercalados com jogatanas assombrosas dos comandados por Arsene Wenger. Chelsea e Manchester United venceram sem história Aston Villa e Blackburn respectivamente e confirmam um bom inicio de campeonato. De vento em pompa vai o Liverpool que parece querer inverter as tendências dos últimos anos, ontem venceu e convenceu no Stadium City of Manchester derrotando os citizens por 3-2, no inverso da medalha encontra-se o Tottenham. Nem Bentley, nem Modric, nem Pavlulichenko conseguem alterar o cenário que já é o pior desde 1912. Os spurs parecem mesmo em maus lençóis e creio que é um pouco paradoxal ver uma equipa que conta com tanta qualidade nas suas fileiras e ainda um treinador de reconhecido mérito com apenas dois pontos quando já decorreram sete jornadas.

P.S O Benfica acabou de empatar em Matosinhos. Teve o pássaro na mão e deixou-o fugir por ter sido ingenuo na maneira como abordou a partida na segunda parte. Grande jogo do leixões, e já agora é bonito que se diga que quando os grandes perdem pontos nem sempre é demérito pois muitas vezes há qualiade em equipas teóricamente inferiores. Hoje felizmente para a Liga, foi o caso.

1.10.08

Loucura ou genialidade?

De cabelos longos, farto bigode e com um estilo de jogo que me fez lembrar o Nuno Assis, lento mas tecnicista, nada fazia esperar que o camisola sete da Checoslováquia se tornasse uma lenda naquela tarde de primavera de 1976. O jogo era uma final de um Europeu, e frente a frente estavam a poderosa e campeã do mundo Republica Federal da Alemanha e a Checoslováquia, curiosamente dois países afectados pelo “muro da vergonha” mas que estavam de lados diferentes da barricada de uma guerra ideológica.

Depois de um intenso dois a dois durante os 90’ e o prolongamento a partida teve que ser decidida na marca dos onze metros, quando Uli Hoeness falhou a quarta grande penalidade alemã toda a pressão recaiu em Antonin Panenka um médio do desconhecido “boehians de Praha” que com toda a classe marcou a Sepp Maeir (para muitos o melhor guarda redes do mundo naquela altura) o mais espectacular penalty da história do futebol fazendo um balão que entrou mesmo no meio da baliza do desamparado guardião germânico.

Os ecos desta penalidade, para além de terem coroado vitoriosa a Checoslováquia como campeã europeia, elevaram o seu autor aos céus do Olimpo, ficando recordado para sempre como o autor do “penalty à Panenka”. Muitos outros jogadores conseguiram “imitar” o checo com sucesso, todos se lembram da loucura de Hélder Postiga no Euro’2004 ou de Francesco Totti que na meia-final do euro 2000 se vira para o seu capitão dizendo que ia marcar “à panenka” e apesar de ter sido quase demovido por Maldini “El Banbino d’oro” afasta-se a rir e marca deixando a multidão à beira da loucura. Se Totti e Postiga tiveram os deuses do seu lado quando arrojadamente tentaram o penalty mais arriscado que se pode fazer, Jaime Junior teve um fim triste quando a 1 m do final tenta a mesma gracinha e falha e faz com que a sua equipa perca o jogo. Para que conste, dois dias depois do sucedido Jaime foi despedido do Leixões

O facto de o penalty ser o embate mais frio entre o guarda-redes e o avançado, de ser um elemento de decisão (ou de indecisão) que pode ,ou não, separar duas equipas é o que lhe confere tanta importância no futebol. O imaginário do penalty enquanto frustração ou emoção é fundamental no jogo. Muitas alegrias e tristezas foram já experimentadas por uma defesa ou por uma bola no poste do adversário, e isto que o digam Terry, Baggio ou Southgate (todos jogadores que falharam penaltys decisivos). Todavia, o que Panenka fez naquela tarde, foi mais do que um acto extravagante que poderia ter custado um campeonato da Europa, aquele penalty é umaobra-de-arte digna de um verdadeiro génio. Todos podem odiar que um jogador arrisque marcar “à panenka”, mas a verdade é que se a bola entra, a besta vira logo a herói.