25.1.09

vira o disco e toca o mesmo.

Pois é mais um fim-de-semana, mais uma jornada e o resultado lá para terras de el-rei d. Carlos é sempre o mesmo: Barcelona continua sem vencer…por poucos golos. No inicio da temporada poucos pensariam que o Barça do estreante Guardiola poderia ser a mais temível equipa da Europa. Se uns iam apontando a fraca experiencia do treinador catalão enquanto técnico principal outros iam vaticinando a Messidependencia e portanto o fiasco já que este prodígio estaria sempre lesionado. Ora nem o Barcelona é Messi dependente, nem o Messi está sempre lesionado. Consequência? Ora dando quatro, ora dando cinco o Barcelona soma e segue já leva 15 pontos de vantagem sobre o Real Madrid.

Neste momento, nada dará mais prazer a um adepto de bom futebol do que ver o barça jogar, se Messi é Messi e só para o ver jogar valeria pagar um bilhete de época do estádio cidade de Coimbra a verdade é que o resto da equipa do Barcelona é extremamente completa e acima de tudo, tacticamente culta. Naquela equipa não há um único jogador que não seja tecnicamente evoluído, o triangulo do meio-campo (touré, Xavi, Iniesta) consegue servir de tampão as investidas adversárias e ao mesmo tempo consegue ter uma profundidade ofensiva que mais nenhum clube do planeta tem. Na frente de ataque contamos com 3 dos melhores executantes do mundo. Etoo tem estado imparável e lidera isolado a lista de melhores marcadores da Europa, Henry voltou às boas jogatanas dos tempos do arsenal e leva já 12 golos na liga. Sobre o pibe que usa o 10 que um dia pertenceu a Rivaldo, Laudrup ou Diego, nada mais tenho a dizer do que hoje é, para mim, o melhor do mundo. A cultura táctica que falo em cima é evidente pelas movimentações tanto do meio-campo como do ataque que possibilitam o asfixiamento do adversário. O caudal ofensivo do “barça” é tão grande e inteligente que se torna uma tarefa quase impossível paras as defesas adversárias. Xavi e Iniesta são, nos nossos dias, dois dos melhores médios-centro do mundo, ambos os jogadores são um pouco a imagem que aquilo que o seu treinador em tempos foi, um talento enorme que aos 19 anos fez andar um Dream Team que conquistou o mundo.

Há poucas dúvidas de qual é realmente a "melhor equipa do Mundo". O barça pode nem conseguir chegar à final da Champions, pois uma equipa cínica como o Inter de Mourinho ou o Liverpool de Benitez tem perfeitamente argumentos para ombrear com esta "ivencível armada", mas, neste momento já ninguém tira o mérito a Guardiola por pôr toda a gente a sonhar com um novo "dream team".

16.1.09

O que falta ao Benfica?

Fazendo um ponto prévio, cabe-me dizer que este post vem um pouco atrasado relativamente aos acontecimentos de domingo passado porque entretanto o Benfica espetou quatro no olhanense e para a massa adepta mais distraída tudo vai bem no reino da águia, só que por motivos de força maior foi-me totalmente impossível escreve-lo antes de hoje.

Começando pelo essencial, e fazendo uso ao titulo que dou a este texto o que falta ao Benfica de Quique Flores? Em primeiro lugar, um defesa esquerdo. Não há dúvidas que Jorge Ribeiro não tem evidenciado qualidades para agarrar a faixa esquerda da defesa, e David luiz por muitas vírgulas que faça não tem maturidade táctica para jogar a lateral. Todavia se os problemas do Benfica começassem e acabassem na questão do defesa esquerdo estava eu bem. A questão fundamental do carrocel exibicional da turma da luz centra-se, a meu ver, num esquema táctico obsoleto. O 4-4-2 clássico de Quique Flores tem sido a principal causa de dores de cabeça do seu treinador, e este parece que é o único a não a entender o que se passa. Na senda do que vem sendo dito por Luis Freitas Lobo, creio que este sistema táctico não é minimamente adequado para uma equipa do Benfica. Não o é porque as duas linhas mais recuadas funcionando em bloco tornam as costas da defesa mais permeáveis. Se separamos o jogo do Benfica em dois processos distintos, a defesa e o ataque, podemos concluir que no primeiro capítulo o Benfica tem estado quase irrepreensível, pois não permite grande circulação de bola ao adversário mas o segundo processo (o ataque) tem sido tão desastroso que acaba por fazer claudicar todo o trabalho defensivo realizado. Para corroborar esta minha (talvez rebuscada) tese, vejamos os casos de perigo do último BenficaXBraga:

31' – “Passe de César Peixoto para Mossoró, que entra na área com perigo. Vale ao Benfica a atenção e velocidade de David Luiz, que cortou para canto”

85’ “ Renteria isola-se frente a moreira mas possibilita a defesa do guardião encarnado”.

As duas maiores situações de perigo do Braga surgiram através não de um erro defensivo, mas sim de um falhanço total do Benfica enquanto equipa. No momento que tentavam a transição ofensiva, Yebda primeiro e Reyes em segundo lugar, os jogadores do Benfica perderam a posse da bola para o Braga que aproveitando a subida da defesa explorou quase fatalmente as falhas sistémicas de uma táctica que usa dos blocos em linha e assim facilita o trabalho de quem conseguir recuperar rapidamente a bola e tenha a capacidade mínima de lançar um ataque.

De resto é preciso dizer que a falta de fluidez do jogo encarnado passa muito por Ruben Amorim. Não que o médio português seja mau jogador ou que esteja em má forma. Não. O que se passa é que simplesmente Amorim não avança pelo corredor direito como um verdadeiro extremo e deixa obviamente o Benfica uma equipa manca. Se de um lado está Reyes com a sua velocidade e poder de explosão, do outro, o Benfica apenas cria perigo por…Maxi Pereira. È muito pouco para quem quer vencer e convencer pois a circulação de bola e a criatividade do ataque encarnado fica muito depente dos rasgos individuais de jogadores como Reyes ou Suazo, o que torna obviamente mais dificil a tarefa do Benfica quando estas unidades chave estão em sub-rendimento. Creio, e mais uma vez faço minhas as palavras do mestre LFB, que Ruben Amorim deveria ser utilizado no centro ao lado de Katousoranis. Em primeiro lugar, porque desta forma o Benfica conseguiria maior acutilância ofensiva do que com Yebda ou Binya e em segundo porque a colocação de Carlos Martins ou mesmo Di Maria seria mais benéfico do que uma equipa desequilibrada.

No fundo a solução que penso que será a melhor para o actual Benfica não será esta. Já pensei várias vezes num sistema de 4-3-3, com um pivot defensivo ( Yebda) dois médios centros a jogar nos apoios (Ruben Amorim e Katso) e um ataque móvel composto por Suazo, Reyes e um terceiro elemento que poderá ser di Maria, Cardozo ou Nuno Gomes.

Por fim, despeço-me com a retórica pergunta que tanta tinta tem feito correr, “Afinal Quanto vale di Maria?”. Será o assunto do meu próximo post que pelo andar da carruagem, vai ser publicado lá para meados de Fevereiro.

12.1.09

Is there anybody out there who still doubts that I am the best?!

Liga dos campeões, Premier League, melhor marcador e jogador do campeonato Inglês, melhor avançado e marcador da Liga dos Campeões, Bola de Ouro e Prémio Fifa de melhor jogador de 2008. O encantador de bolas português fez aquilo que nunca ninguém tinha feito: ganhar (absolutamente) tudo o que havia para ganhar. É sem a mais pequena duvida o melhor jogador de 2008!
PS: 2009 será o ano daquele que considero como o mais talentoso jogador que vi pisar um relvado.

7.1.09

Utopia

Aplausos, gritos, saltos e qualquer tipo de manifestações são comuns no futebol e, assim sendo, para que estas mesmas manifestações não sejam comuns mas sim especias algo as tem de tranformar nisso mesmo...especiais, diferentes e (quase) únicas, Falo de quando o futebol atinge um dos seus esplendores, falo de Ronaldinho e falo de Messi, falo mais concretamente quando os adeptos derrotados prestam vassalagem ao bom futebol, prestam homenagem ao jogador do jogo, dão o seu obrigado pelo preço que pagaram valer o espetáculo. Algo comum no futebol inglês, o fenómeno dos adeptos da casa prestarem tributo ao mágico da outra equipa ou mesmo à equipa encontra-se em Maradona (em moldes diferentes) no Itália 90 e mais recentemente em Ronaldinho e Messi. Traço comum: todos jogaram no Barça (onde o bom futebol "impõe-se" ao resultado) e dois deles tiveram a sensação de render os adversários com o seu bom futebol com a blaugrana vestida. Ronaldinho em pleno Santiago Bernabeu fez o que quis e no final...clap clap clap. Assim foi ontem no Vicente Calderón onde Messi jogou, marcou fez jogar, falhou, brincou enfim, fez tudo o que um mágico faz, fez tudo o que o porá certamente na história e claro...clap clap clap, de pé ou sentados vários ovacionaram o rapaz. Traço comum: em Madrid vê-se bom futebol. O título deste texto corresponde ao que se passou. Porqùê? Porque estas excepções cofirmam a regra que é a de que o futebol não é um espetáculo, cada vez menos o é. O futebol nem é mais nem é menos e tem qualquer coisa de. Caso o Man Utd jogasse no dragão quantas pessoas sem serem do FCP iriam ver por mero regozijamento? O futebol é sociedade, é identificação pessoal, é escape para alguns prazer para outros e o que conta é se a nossa equipa marcou mais que os outros...infelizmente. Ok, há excepções, claro que há. Porém a utopia que ganha o que melhor joga, a utopia de que o futebol e como o cinema ou um concerto, a utopia que se aplaudem os melhores é o que mais existe.

3.1.09

O mito

O tempo que passou já me dá segurança suficiente para falar sobre o que se passou no estádio Olímpico de Berlim quando Zidane perdeu a cabeça e deu a famosa cabeçada ao defesa-central italiano Marco Materrazi. Se tivesse escrito na altura este post (nem o poderia ter feito pois ainda não me tinha surgido a ideia que seguidamente irei desenvolver) estaria a cair no perigoso campo do tendencioso pois os meus pensamentos estariam obviamente moldados pelo calor do momento, e por toda a paixão que a sensacional cabeçada despertou, não só em franceses e italianos mas como em todos os adeptos em geral.

Para aqueles que pensam que Zidane deveria ter acabado de taça na mão e não passando casbisbaixo ao lado dela eu digo: Estão enganados. Ao agredir Materrazi, Zizou libertou-se da lei do esquecimento e consagrou a sua figura como uma lenda do futebol mundial. Não lhe bastou ter sido 2 vezes considerado o melhor do mundo. Não. Teve que terminar em grande, e conseguiu-o. Primeiro, fez a tarefa (quase) impossível de levar uma depauperada e desisnpirada França até à final de um campeonato mundial onde eliminou Espanha, Brasil e Portugal, depois, e após um grande jogou onde marcou um golo, culminou a sua gloriosa carreira com uma imagem que vai ficar para sempre…O herói, mostrou a sua fraqueza, encontrou o seu vilão, e para encantar e emocionar o publico não há nada como assistir à queda de um herói. Zidane naquele momento caiu. Mas a sua queda, como a de Aquiles ou Heitor é um épico monumental à qual ninguém ficou indiferente. A cabeçada de Zidane é quase marco cultural: fizeram-se canções, discutiu-se exaustivamente na opinião pública, escreveram-se livros, especulou-se o que Materazzi terá dito, até em filmes há referências ao mítico confronto entre os dois jogadores. O que me fez escrever este post, foi a resposta de um aluno retratado no filme a Turma quando lhe pergunta aquilo que ele odeia. Terá respondido por acaso Zidane? Não, respondeu Materrazi, e por favor, se consegui alguma atenção nesta minha mensagem, já alguma vez se perguntaram porque é que teve que ser a Marco Materrazzi um dos mais odiados futebolistas do planeta que Zidane deu a cabeçada? Curioso, ou então não!

Para se ser uma lenda, um herói, é preciso mais do que muito talento e uma carreira fenomenal no futebol. Pelé teve o regime brasileiro e os dólares americanos, Best o álcool e o seu comportamento de playboy e Maradona, bem, Maradona teve para além da maldita cocaína, a mão de Deus, a máfia, a dicotomia norte-sul de Itália, o filho ilegítimo e o facto de jogar num clube pequeno como factores essenciais para mistificar a sua existência. Sem as suas fraquezas e contradições, provavelmente el Pibe de oro teria sido um grande jogador (como Rivaldo, Figo, Laudrup) mas nunca um Deus. Zidane, conseguiu chegar perto do Olimpo pois não só venceu em tudo no futebol como mostrou a sua faceta mais selvagem.

Para aqueles que acham este texto pateta e despropositado, digo-vos já que aceito essa opinião. Eu próprio durante muito tempo pensei assim. Agora, proponho-vos o seguinte exercício: de que se lembram vocês quando vos vem à memória o mundial de 2006, o Fábio Canavarro a levantar a taça ou a cabeçada do Zizou?

este post foi simultaneamente publicado em www.playingatmyhouse.wordpress.com