28.4.09

Lost in translation- o futebol é um lugar estranho.

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Normalmente discutimos o porquê de um jogador não dar certo num clube e noutro qualquer, se calhar 2km ao lado, ser uma mais-valia indiscutível. A resposta mais comum será o ambiente vivido nos dois clubes como razão para a diferença de rendimento tão díspar de um jogador que numa equipa mostra qualidades e noutra é o bobo da festa. A parte psicológica é sem dúvida importante para o desenvolvimento de um jogador numa equipa. Certamente, e a bem do futebol, não é a única. A filosofia de um clube, o estilo de jogo implementado, as preferências do treinador e até o esquema táctico são elementos que não podemos descurar quando queremos avaliar esta questão./p>

Pense-se em Bruno Pereirinha. Nunca foi um jogador extremamente habilidoso mas hoje começamos todos a reconhecer-lhe talento. Num clube como o Benfica ou o Porto onde os adeptos sedentos de vitórias exigem resultados ou pelo menos jogadas empolgantes, Pereirinha teria acabado dispensado ao Nacional da Madeira ou para Vitória de Setúbal. O Caso de Sergio Busquets ainda é mais paradigmático de como uma filosofia de um clube pode ser determinante para o sucesso de um jogador. Sem Guardiola e o Barcelona Busquets seria incapaz de algum dia jogar na liga dos campeões. À imagem do seu treinador, busquets não é um talento nato. Todavia, entende perfeitamente o jogo e consegue dar grande equilíbrio táctico ao jogo do Barcelona. O esquema táctico é também determinante para avaliar de que forma um jogador rende ou não. Tenho em mente dois exemplos para explicitar esta ideia: Hulk e Aimar. O primeiro no Benfica não seria minimamente o jogador que é o no Porto. Porquê? Porque em 4-4-2 Hulk ocuparia quase de certeza o centro do terreno, e ai, onde os espaços sãos mais curtos o brasileiro é francamente mau. Depois, e mesmo que o “incrível” ocupasse uma faixa não o estava a ver a vir buscar jogo atrás como faz Reyes. Hulk tem brilhado no Porto porque dele só se espera que em duas ou três jogadas desequilibre. É um jogador de picos sem mais nenhum atributo tecnico que se possa reconhecer, e se existe hoje uma verdadeira "hulkmania" é porque a equipa do Futebol Clube do Porto é equilibrada e tem jogadores capazes de ocupar bem os espaços mesmo quando Hulk desquilibra defensivamente. Ora se o equilíbrio táctico da equipa do Porto faz com que o brasileiro tenha muitos momentos de espectáculo e gláudio dos adeptos, por outro impede-o de evoluir. Apesar de neste momento Hulk conseguir ler melhor o jogo do que quando chegou a Portugal, a verdade é que ainda está muito longe dos padrões tácticos aceitáveis. Quando lhe encurtam os espaços, ou quando o adversário desce a defesa, Hulk fica sem a sua única arma: a capacidade de explosão e de ir no um-para-um. Mesmo Cristiano Ronaldo, que não é um excelente exemplo de um jogador tacticamente evoluído, consegue quase sempre entender bem os momentos do jogo e o que deve fazer quando lhe fecham o espaço para as arrancadas. Se nos lembrarmos do Ronaldo da final e meia-final da champions do ano passado, não recordaremos nenhuma jogada estonteante do extremo português mas sim um par de raides ora pela esquerda ora pela direita que possibilitavam tirar a bola perto da sua área e um fantástico golo de cabeça onde apareceu, oportuno, e à ponta-de-lança finalizar com toda a classe. A principal encruzilhada do futebol de Givanildo Vieira é econtrar-se com um estilo europeu de jogo. Enquanto não ultrupassar as barreiras culturais que diferenciam a liga dos Campões da liga japonesa, Hulk nunca será o jogador que o seu potencial esconde. Enquanto não entender que o futebol é jogado 11X11, e que nem tudo que um jogador habilidoso e potente como ele é, tem que fazer é fintar, rematar, e aparecer em zonas de perigo Hulk nunca passará de uma promessa./p>

Aimar ainda é um caso mais triste de insucesso (nao que o brasileiro seja um caso de insucesso antes pelo contrário) no futebol português. Pensar em Aimar e no seu futebol simples e ao primeiro toque como uma inutilidade é estúpido. É estúpido também ver um autêntico craque a não mandar uma para a caixa, mas Quique Flores insiste num 4-4-2 com o argentino perto do avançado e longe da fase de construção. Jogadores como o 10 encarnado são jogadores especiais e precisam de encontrar certas especifdades numa equipa para poderem brilhar, são jogadores que se destacam pela cabeça e não pelo músculo e precisam de encontrar a sua volta jogadores e técnicos que entendam a magia do seu jogo. Fora do seu espaço normal, Aimar é um jogador banalíssimo. Nem os seus raros momentos de génio, o passe de letra para Suazo no jogo em Guimarães, conseguem cativar os adeptos da luz. É pena, é pena…/p>

Por fim, o ultimo factor essencial para a adaptação de um jogador é o campeonato. Imaginem van der Vaart, Totti, Guti ou Diego no futebol inglês. As transições defesa-ataque que decorrem a uma velocidade estonteante não se coadunam com o perfume do seu futebol. O estilo de kick-and-rush inglês, que apesar de nas principais equipas estar um pouco esbatido, é incompatível com a qualidade técnica destes jogadores. Terá sido por isso que Veron não vingou em terras de sua majestade?Imaginem agora Peter Crouch em itália? Seria dificil um jogador sem cultura tactica e dado a marcações menos pesadas que as inglesas a jogar num futebol ardiloso italiano. Há quem ache que a altura de Crouch seria suficiente para resolver o problema. cremos que não. Não há centimetros que valham contra uma marcação eficaz, a não ser que haja cabecinha para evitar essa marcação.

27.4.09

"o jogador tacticamente perfeito"

Andreas Breheme, Lothar Mathaus, Bergomi, Oliver Kahn, Jurgen Klinsmann, Aldo Serena,Dietmar Hamman,Jean-Pierre Papin, Memhet Scholl, Marco Tardelli, Paolo Rossi, Francesco Totti, Alessandro Del Piero, Gianluigi Buffon, Antonio Cassano, Claudio Gentile, Boniek, Robbie Keane, Aiden Mcgeady, Jon Dahl Tomasson, Gianni Rivera e Michele Platini./p>

Estes foram alguns dos melhores jogadores com que Giovanni Trapattoni já trabalhou./p>

Sabem quem foi o jogador mais completo que "Trap" já treinou? Pois.

26.4.09

como explicar o inexplicável (ou como dizer-se barbaridades e ainda ser pago por isso)

  1. Já estamos habituados a termos muitos, e maus, comentadores desportivos. António Tadeia, João Querido Manha, Luís Sobral, Gabriel Alves, Rui Santos, João Gobern…etc. Bruno Prata, redactor desportivo do publico, nem era dos piores mas, e com esta crónica de sexta de feira no jornal publico só posso constatar que ou Bruno Prata anda a sofrer do mesmo mal que o Manuel Fernandes ou decidiu começar a dar no LSD antes de escrever a sua crónica semanal. Escolher entre Liedson e Hulk para melhor jogador do campeonato, quando ele nem sequer acabou, começa logo por ser uma precipitação. Se o levezinho acaba por ser uma escolha justa, até porque esta a fazer de longe a sua melhor época no Sporting, o que dizer de Hulk? Melhor jogador do campeonato? Isso é quase uma afronta a quem vê o futebol enquanto um jogo colectivo e não uma mera soma de individualidades. Concordo com o autor do texto quando disse que o brasileiros “teve momentos de grande brilho”, mas depois descartar Meireles, Reyes, Rodriguez ou Nene por não terem sido “tão constantes como o brasileiro” é no mínimo ridículo (e isso são argumentos do próprio jornalista, não meus). Achei também caricata a eleição de revelação da liga para o público: Fernando. Pois pá, ò Bruno, já devias estar à espera que o Hulk fosse uma máquina. Sim, quando ele chegou olhaste para a cara dele e disseste: “este miúdo pá, tem a força dos deuses, vai fazer história!” Não. Digam, o que disserem a revelação deste campeonato é mesmo o avançado brasileiro. Fernando só é a revelação para os mais distraídos pois já a época passada mostrou excelentes sinais que poderia vir a ser uma mais-valia para o futebol clube do Porto. As escolhas de Carriço e de Ruben Micael como também possíveis revelações são justas e até compreendo o comentário mais depreciativo a Miguel Victor, Prata considera que Miguel Victor só se destacou pela garra e velocidade, mas volta a estragar tudo quando diz que Liedson é dos melhores porque defende à frente. Sim senhor. Bruno Prata acabou de descobrir a pólvora. A pressão que liedson faz não torna melhor jogador pois é mesmo isso que qualquer avançado deve fazer. A ligeireza com que o faz é o que o torna diferente dos outros…pois, mas se calhar isto é difícil de entender.
  2. Porto, Sporting e Benfica receberam e venceram esta jornada. Quase não vi nada dos 3 jogos, mas posso dizer que começo a achar Liedson como o abono de família dos verdes-e-brancos. Jornada sim, jornada sim o levezinho ou marca ou assiste tornando-se assim o mais valioso jogador leonino. No lado do Benfica começa a evidenciar-se Cardozo. Treze golos e algumas boas exibições tem servido para afastar rumores de uma possível transferência. Nuno Gomes quase aos 33 anos continua a mostrar classe. Com o lugar em risco, o 21 do Benfica tem mostrado vigor e raça que nunca havia sequer esboçado em outros anos na Luz.
  3. Em Espanha depois de as coisas já terem estado mais fáceis para o clube culé, agora parecem vir a piorar. Depois de um grande golo de Messi e alguma sorte à mistura o Valência de Miguel, Hugo Viana e Manuel Fernandes chegou à vantagem com um golo de Pablo onde Puyol e Piqué pareceram que ficaram a jogar ás cartas enquanto a equipa che jogava. Valeu Henry e uma saída suicida de César para salvar uma derrota quase certa. Em Sevilha a equipa da casa teve em 20 minutos oportunidades para cilindrar o Madrid. Não o fez, e saiu-lhe caro. Raul em cima do intervalo empatou numa jogada construída por Lass, Ramos e Metzelder (que apareceu na direita a cruzar). Não satisfeito o veterano avançado madrileno repetiu a dose na segunda parte encurtando a diferença de 6 pontos para 4 relativamente ao líder Barcelona. Depois de meses em que todos apontávamos o Barça como único candidato possível ao título espanhol aparece um Real Madrid em grande forma que promete discutir o campeonato até à última jornada. Para semana joga-se o clássico no Bernabeu, a tribuna dos teóricos mal pode esperar por esse acontecimento.
  4. 10 jogos para Pepe. Justo. É uma punição exemplar para um comportamento inexplicável. Cabe agora ao Real recuperar Pepe não só como jogador mas também como homem. Parece-me injusto que um jogador como luso-brasileiro fique conotado com tão bárbaros actos.
  5. O Inter de Mourinho perdeu em casa contra o Nápoles de Donadoni. Juventus e Milão aguçam os dentes e pensam que podem ir ao primeiro lugar que está a sete longos pontos. Já viram este filme em mais algum lado? É que eu já…
  6. Por falar em coisas estranhas, o que dizer do prémio atribuido a Ryan Giggs de melhor jogador da Premier League? Estranho só porque Giggs já não é o jogador rápido e explosivo que outrora foi. é bonito ver, finalmente, e aos 35 anos Ryan Giggs como o melhor jogador da premier league. Especialmente porque todos os anos os clubes ingleses gastam milhões em contratações.

22.4.09

a loucura de Pepe

Parecia uma cena tirada de um filme noir de hollywood. Do estilo Kubrick ou Fincher.Mas não, foi num estádio de futebol com milhões de pessoas a assistir. O protagonista foi Pepe, central português de 25 anos que até à data não era conhecida uma faceta violenta. Todo o lance é tão bárbaro que até eu fiquei aterrado com a violência das imagens. Depois de fazer um penalty escusado Pepe pontapeia o adversário no chão e não contente ainda soca outro jogador do Getafe. Incrível. Nos foruns de dicussão tem-se apontado bastante para a irradiação do jogador. Não concordo. Acho que seria um castigo demasiado pesado para alguém que até agora não tinha grandes antecedentes de violência. O castigo, todavia, deverá ser exemplar pois é a imagem do Real e do futebol que fica denegrida. Pelo menos, até final da época Pepe não deverá jogar. O Real deverá suspender-lhe a remuneração pelo período que estiver suspenso, e, não sei até que ponto é que a justiça espanhola não deve actuar na medida que estes actos são tão desproporcionados e alheados ao jogo que me parece que ultrapassa em muito a barreira da violência desportiva./p>

Outra questão que tem que se imperiosamente abordada é a sanidade mental de Pepe. Como é que um profissional de futebol, num lance aparentemente normalíssimo, perde assim as estribeiras e começa a actuar como um louco descontrolado que apenas se preocupa em fazer sangue? Sem pensar nas consequências, Pepe estragou a sua imagem de jogador alegre e descontraído e contribui para elevar a desconfiança face aos exemplos para a juventude e a sociedade em geral que deveriam ter jogadores de topo mundial./p>

Antes de procedermos a julgamentos precipitados e lixamentos pessoais antes do tempo, será necessário entender o que se passou não com o jogador Pepe, mas sim com o Homem que está por detrás daquele equipamento. Parece que o Adriano não é o único jogador de futebol que anda doido nos dias de hoje./p>

Por fim, gostava de lançar um tópico de discussão : 1) o que dizer Queiroz após ter castigado Pereirinha por ter tentado algo ousado?2) e se isto se tivesse passado em Portugal? Teríamos também ai arautos da verdade a defender, tal como defenderam Deco quando atirou a chuteira ao arbitro, a atitude do central do Real Madrid?

20.4.09

Dica da semana (em versão tribuna dos teóricos)

  1. Desloquei-me ao estádio cidade de Coimbra para ver o ex-futuro-campeão-da-europa contra a equipa da minha cidade natal. A académica entrou bem organizada e demonstrou que Domingos Paciência sabe bem o que quer para os estudantes. A organização defensiva da académica é notável para uma equipa com tão poucos recursos. A verdade é que o resultado é muito enganador. Isto porque na primeira parte para alem de um para de jogadas de Hulk a única coisa que o Porto foi capaz de fazer foi jogar ao balão…A organização defensiva da académica ruiu com um erro colossal de Orlando e Amoreirinha que ficaram ver jogar rolando e companhia. O segundo golo que surgiu 3 minutos depois matou um jogo que ate altura se mostrava tacticamente interessante.
  2. Vou, quanto à minha pessoa, abrir um precedente neste blogue e falar de arbitragens. Citando Cruz dos Santos “é o mais escândalo do ano” a mão de Meireles da área do Porto. Um árbitro internacional que está enquadrado com o lance não vê uma mão claríssima na área não pode ser sério. Fica mais um lance polémico na liga Sagres…
  3. O Sporting fala de perseguição de Bruno Paixão ao seu clube. Eu digo pa-té-ti-co. Soletro com todas as letras. Um membro deste blogue uma vez falou de um processo a Silvio Cervan, eu pergunto qual a opinião desse membro as alegações finais de Paulo Bento, João Moutinho e Soares Franco? Sobre o lance de Carriço é justo que se fale em golo mal anulado. Mas na simulação de Derlei na área em que não houve amarelo? A falta de Derlei que não e para amarelo mas sim para vermelho? Para não falar da pressão que Derlei foi fazendo ao longo do jogo. Paulo Bento e o Sporting tem usado indiscriminadamente a comunicação social para pressionar os árbitros e temos visto o CD da liga bastante letárgico quanto às polémicas e destrutivas declarações dos seus quadros.
  4. Voltando ao futebol, o Benfica ganhou 4-0. Porreiro pá. Já só falta ir a braga e à choupana. Isso sim vai ser a doer…
  5. Néné voltou a mostrar porque tem meia Europa atrás de si e marcou um grande golo. Vamos ver onde este pequeno craque vai parar no final da época.
  6. “Stojkovic puede con todos menos Messi”. Este título é retirado do “mundo deportivo”. Pois não é por nada mas já imaginava que o sérvio iria brilhar. Vejam isto e verão a qualidade da exibição do guardião que Paulo Bento fez questão de dar guia de marcha em detrimento de um guarda-redes inexperiente que não mostra grandes sinais de confiança para o resto da equipa.
  7. Na Holanda uma velha gloria dos bancos voltou a vencer. Falo de Louis van Gaal. Outrora um dos melhores treinadores do mundo, e tão conhecido pelo seu sucesso como pela sua arrogância e mau feitio o antigo treinador de Ajax e Barcelona venceu a eridivese com o Az Alkmaar 28 anos depois do seu último título.
  8. Tanto na Alemanha como na França o campeonato vai ao rubro: 3 candidatos ao título quando faltam disputar seis jogos para o fim, Wolfsburg e Marselha partem na “pole position” para arrecadar os respectivos troféus. A equipa alemã à qual tenho dado alguma atenção é composta por valores seguros como Zaccardo, Barzagli, Josué e sobretudo o trio-atacante Dezko, Misimovic e Grafite. O brasileiro é mesmo o melhor marcador da bundesliga e bisou contra o leverkusen. Felix Margath depois de ter sido bicampeão pelo Bayern arrisca-se a conquistar o mais difícil título da sua carreira.
  9. Segundo a'bola o Chelsea pretende trocar Deco por Quaresma. Parece-me que é o ideal para a equipa de Mourinho. Como já disse é incrivel a falta de criatividade da equipa nerrazurra. Nem Stankovic, nem Muntari têm a imaginaçao necessária para fazer face às necessidades da equipa de Milão. O único senão para o recontro dos dois velhos conhecidos será a idade do internacional português. Outras soluções viaveis são ou Diego ou van der Vaart que se encontra insatisfeito em Madrid. O mesmo Inter empatou com a Juventus e está a um pequenissimo passo do titulo. O jogo foi jogado a um bom ritmo e parece-me que a Juventus está na rota da recuperção depois do inferno da segunda divisão.
  10. Em inglaterra vi apenas o ArsenalXChelsea. Foi um mau jogo de futebol. Drogba (quem mais?) resolveu a poucos minutos do final com a ajuda de Silvestre. Creio que a opção de Wenger em colocar musculo em campo em detrimento da qualidade, jogaram Diaby, Song e Denilson em vez de Arshavin e Nasri não foi a melhor solução para parar o oleado e bem definido meio campo dos blues.
  11. Uma última nota para dois jogadores que nem sempre admirei: Liedson e Inzaghi. Se o primeiro está claramente a fazer a melhor época de leão ao peito não se preocupando somente a marcar golos mas também a fazer jogar o Sporting, o segundo de hat-trick em hat-trick mostra porque aos 35 anos continua na alta roda do futebol mundial. Como uma vez Freitas Lobo disse, se "o jogo estivesse limitado por uma porta, Inzaghi habitaria sempre na soleira da mesma".

19.4.09

O ver e não ver que dá campeonatos

Ontem, Bruno Paixão viu uma falta de Carriço, anulando um golo limpo ao Sporting. Hoje, Benquerença não viu a mão de Raul Merireles. Já Pedro Proença viu uma falta de Yebda sobre Lisandro, um lance que vai custar um campeonato ao Benfica. Lances como estes, em alturas capitais de um jogo ou de um campeonato fazem, e pelo andar da carruagem vão continuar a fazer, muitos campeonatos.

18.4.09

Para que foi isso, Quique?

Na minha vida tive vários heróis. Uns mais comuns que outros foram preenchendo o meu imaginário com os seus feitos. Lembro-me, e bem, das várias tardes de autoflagelamento intelectual em que passei a ver os filmes de Rocky Balboa. Um. O campeão inesperado. Dois. A confirmação do campeão. Três. Desafio total. IV. A luta política. V. O fim de um mito. Cinco filmes, cinco estórias, a mesma fórmula: o querer, a garra e a vontade sobreposta às adversidades. Foi com algum espanto que vi nos jornais a chegada de um outro balboa, que não o “garanhão italiano”, ao Benfica. Javier Balboa, 23 anos, extremo direito, formado na cantera madrilena e escolha pessoal do treinador. Bom, pensei eu. Pois nada de mais errado. Mau, muito mau jogador mesmo. Tem dificuldade em segurar uma bola, não tem capacidade de explosão e de ir no um-para-um, não cruza bem, não é tacticamente competente e toma quase sempre decisões erradas. O pior de Balboa ser um barrete, daqueles que fazem lembrar Dean Soundress ou Paulo Almeida, o pior de tudo é que foi caro. Muito caro. 4 milhoes de euros poderiam ter sido utilizados noutros jogadores bem mais úteis. Ter o nome de um mito não e suficiente, Balboa não tem o traço de um campeão. Não é nada. Os benfiquistas, todavia, irão lembrar-se dele. Vai ser o rosto visível da desilusão e da falta de qualidade que marcou a época 2008/2009.

16.4.09

Quartos-de-Final

  1. O porto não resistiu à superioridade do United e acabou eliminado. Apesar de não ter sido brilhante, o Porto conseguiu cair com dignidade frente ao campeão europeu. Os meus mais sinceros parabéns, especialmente pela fantástica primeira mão.
  2. Hulk nestas duas mãos foi menos um em campo. Jesualdo, esse, foi menos dois. Tirar o cebola quando ele era o mais esclarecido e o único com ideias foi um disparate. Principalmente quando o objectivo passou por manter o brasileiro em campo. Não vale a pena criticar Hulk por estas exibições. A qualidade do jogador continua lá, há é que tirar outras ilações do seu desempenho.
  3. O Porto provou que sem Lucho é como os Guns n’ Roses sem o Slash. É uma equipa sem ideias, sem criatividade. Se havia dúvidas de quem foi e continua a ser o melhor do Porto, essas ficaram esfumadas. Luis Oscar Gonzalez, el comandante, é não só o melhor do plantel como é também o melhor do campeonato português.
  4. Se falamos de craques porque não falar de Fabregas? Um toque de classe uns metros a frente do meio-campo e…Walcott isolado frente ao guarda-redes do Villareal. Brilhante.
  5. Deixo por fim uma nota para o grande golo de Ronaldo: sem palavras.
  6. Em stamford brigde jogou-se um ChelseaXLiverpool. Há quem diga que foi um dos jogos da década, e eu perdi-o...
  7. Um último comentário para o Jornal Record. é absolutamente vergonhoso que a única capa que este jornal (!?) fez do futebol clube do Porto foi hoje...depois da derrota! Isto põs-me a questionar não só a qualidade do jornalismo desportivo (pois o do Record já estava posto em causa à muito tempo) mas de todo o jornalismo portugues. A questão começa no consumidor. Como é possivel um jornal daquela categoria subsistir no mercado!?

15.4.09

Os suspeitos do costume

Ontem à frente desse espaço cardeal da cidade de Coimbra que é o café troica um grupo de estudantes de direito discutia o problema dos pontas-de-lança, e quais os paradigmas que actualmente vingam relativamente a essa posição. Portanto, e por razões que não valem a pena ser explanadas, não consegui passar correctamente a minha ideia. Passo agora e por escrito a faze-lo.

Começando pelo inicio, diga-se que gordos, magros, altos, ou baixos, rápidos ou lentos os Avançados não obedecem a nenhum padrão fisionómico pré-establecido. É impossível num futebol de alto nível ser-se extremo se não tivesse tido pelo menos alguma velocidade. Pelo contrário, num avançado a velocidade pode não ser a chave da questão. Lembro que Pipo Inzaghi nunca foi nem será um jogador rápido e forte mas sempre foi um ponta de lança temível. Por outro lado, Henry que para muitos foi o melhor avançado da Europa na última década faz, por seu turno, a sua principal arma a velocidade. Como podemos observar não há nenhum estilo de avançados próprio.

Que características deve ter um bom avançado perguntarão os mais desatentos? Ser um matador! Responderão em unionissio todos os entendidos na matéria. Nada de mais errado. O avançado deverá ser um jogador de equipa, um elemento do colectivo que se consiga integrar nas dinâmicas ofensivas da equipa e que com isso se capaz de criar não só perigo de remates de cabeça ou em zona de finalização. Vejamos o caso de Wayne Rooney. Rooney é hoje um dos melhores avançados do mundo. Todavia e se formos ver o numero de golos marcados pelo internacional inglês ao longo das épocas apercebemo-nos que ele tem poucos golos. Sim claro porque ele não é um finalizador. Não. Rooney é um finalizador nato. O seu trabalho, todavia, é de construção não se limita a ver jogar para depois encostar. É um trabalhador incansável durante os 90m, é o primeiro da sua equipa a defender e é aquele que dá estabilidade a qualquer transição defesa-ataque. Em Portugal, Farias leva já 8 golos em poucos minutos. Tenho a dizer que sempre fui apreciador das qualidades do argentino. Agora pedir a Farias que jogue em ataque continuado, com qualidade e em prol da equipa é o mesmo que meter o Mantorras de inicio. È ter um ponta-de-lança estaca à espera de finalizar. Farias é um avançado-centro à antiga, preso na área, nas amarras dos centrais. É um avançado ao estilo de um fenómeno que nos anos 90 e inicio deste século assolou Portugal: Super Mário Jardel. Se perguntáramos a qualquer jovem português com menos de trinta anos qual o melhor finalizador que alguma vez viu todos responderão o mesmo: Mário Jardel. Com o seu estilo pouco ortodoxo e pesadão, Jardel marcou uma geração com os seus golos. De todas as formas e maneiras Jardel assombrou as defesas de Portugal. Os 42 golos marcados em 30 jogos constituem uma barreira mítica na qual tenho duvidas que alguma vez será quebrada. Jardel é típico jogador que encaixa num sistema não de 11 jogadores mas sim num 10+1, isto porque a sua produtividade ao longo do jogo é quase nula. Digo quase enquanto pormenor, pois o pouco que fazia era o golo da vitória. Porém, vejamos como Jardel se encaixaria em dois sistemas paradigmáticos na Europa:

· No Barcelona, Jardel seria um verdadeiro peso-morto. A entreajuda e a qualidade do futebol colectivamente pensado é a grande força do barça. Claro que ajuda ter Messi, mas como já aqui foi dito o que faz andar a máquina de Pep Guardiola não é o talento individual de cada um dos seus jogadores mas a equipa no seu todo. Etoo, Henry e Messi não constituem por si só como referências de área mas sim como avançados móveis capazes de dar estabilidade defensiva e profundidade ofensiva.

· No United, Liverpool ou qualquer outra equipa dos Big Four, um jogador como Jardel também não resolveria problema nenhum. Como é sabido o futebol inglês assenta na rapidez das suas transições e na capacidade de cada um dar ritmo e intensidade ao jogo. Assim sendo, parece-me ser difícil que o Jardel que actuou em Portugal tivesse o ritmo necessário para se adaptar às exigências físicas de um futebol atlético como o inglês.

Voltando à questão da necessidade básica de o avançado ser sobretudo matador, e por matador entendo que seja um jogador que marque muitos golos por época, vamos a uma referência: José Mourinho. Se repararem as equipas de Mourinho raramente, e apesar de serem sempre os melhores ataques do campeonato, não tem goleadores. Em 3 anos de chelsea, Drogba marcou 10, 12 e 20 golos respectivamente. No porto, em 2002/2003 Postiga foi o melhor marcador da equipa com 10 golos. Este ano Zlatan dada a sua ínfima qualidade tem assumido vários papéis. O de construtor de jogo, e de finalizador. Mas isso advém, como disse, da qualidade extrema de Zlatan e da falta de criatividade do resto da equipa. Sem Ibra o Inter de Mourinho seria pouco mais do que banal, seria uma equipa sem rasgo e sem chama. O sueco é hoje o melhor avançado do mundo. É o exemplo crónico de tudo o que um bom ponta-de-lança deve ter. Capacidade técnica acima da média, bom posicionamento táctico, finalização, bom jogo entre as linhas, capacidade de desmarcação…ou seja podia estar aqui durante mais 842 palavras a descrever tudo de bom que Zlatan tem.

Para terminar, e tentado fazer uma súmula daquilo que foi dito, o futebol evoluiu face aos tempos de Yazalde e Fernando Gomes. Hoje exige-se mais do de um finalizador. Exige-se um jogador que seja capaz de jogar num esquema táctico dinâmico e que dê equilíbrio a todas as manobras da equipa. Sejam elas ofensivas ou defensivas. No futebol, e seguindo as palavras de Cruiff defende-se e ataque-se com 10. Romário para antigo treinador do Barcelona tinha que ser “o primeiro defesa”, se ele não saísse a pressionar o defesa adversário que iniciava a jogada de ataque todo o processo defensivo do Barcelona estava condenado. É nesta concepção que nos revemos.