Curtas de uma jornada europeia.

1. Não é todos dias que o Barça perde pontos. Também é raro quando este barça perde jogos. Quando o Barça perde um jogo em casa, aí, estamos quase perante um cataclismo. O autor da proeza não poderia ser mais improvável, o Rubin Kazan, de um Dominguez em evidência levou mesmo de vencida a equipa culé e deu outra cor a uma champions league tradicionalmente dominada pelos grandes tubarões. Nem o russo mais confiante poderia esperar este resultado, quando o Rubin se pôs em vantagem logo aos dois minutos dei por mim a pensar que ia demorar pouco até o Barcelona dar a volta ao texto, as coisas pareciam estar-se a compor quando logo depois do intervalo quando Zlatan após passe de Xavi conseguiu levar de vencido o baixíssimo bloco defensivo da equipa de Rostov. Numa noite fria e sem grande inspiração dos jogadores catalães, mesmo assim a equipa de Guardiola mostrou mais do que argumentos para vencer pois a qualidade colectiva, a forma como sempre trocaram (bem) a bola, esteve sempre lá. Só a (falta) de sorte ditou esta derrota…
2. “Somos uma equipa em formação”. Não poderia concordar mais com Pellegreni. É verdade que o Real têm muitos, e bons, argumentos para resolver qualquer jogo, mas quando o talento individual não é suficiente para derrotar os adversários é preciso mais. O segundo golo do milan é um exemplo, cabal, do que está ainda mal neste Real Madrid. É certo que há Casillas para ser o bode expiatório do lance, mas a verdade e apesar do erro do guardião castelhano é que o golo resulta de uma perda de bola a meio campo, aproveitada por Ambrosini para lançar um endiabrado Pato. Nenhuma equipa ao nível do Real Madrid pode sofrer um golo a dois toques, culpar simplesmente Casillas por um erro que foi exposto pela incompetência do resto da equipa é injusto e perigoso para a evolução do colectivo.
3. Alexandre Pato é um enorme jogador e é hoje o rosto de uma hipotética renovação do Milan. Depois da “dispensa” de Gourcuff e saída de Káká a equipa da Lombardia passa um momento complicado, do bicho papão do inicio deste século a Leonardo algo deverá mudar urgentemente para os lados de Milão.
4. Por falar em Milão, o Inter, do nosso José Mourinho empatou em casa com o Dínamo de Kiev. Depois de uma vitória folgadíssima contra o Génova a equipa de Mourinho volta a marcar passo na champions somando apenas 3 pontos no mesmo número de jogos. A qualificação, porém, tem que ser uma meta mais do que realista da equipa nerrazurra.
5. O porto com um Hulk em grande nível levou de vencido o Apoel de Nicósia. A verdade é que este Porto está muito longe daquele que o ano transacto venceu a liga e foi a Old Trafford impor respeito ao campeão europeu. Falcao vai confirmando aquilo que eu já desconfiava, é um grande jogador, e assistiu muito bem o “incrível” para o golo do empate. O momento essencial do lance, é o passe de desmarcação do colombiano que descobre bem o brasileiro que em grande estilo se limitou a encostar.
6. Terminamos este tour europeu com o Benfica que goleou, e humilhou, o Everton. O meu streaming falhou 8 minutos que coincidiu com os 3 golos da equipa da luz. Numa partida que contou com um Di Maria em grande plano, os ingleses nunca foram um adversário à altura do poder ofensivo encarnado. Tanto no plano defensivo, como na transição defesa-ataque os jogadores de Jesus estiveram quase perfeitos. Relembrar quase o mesmo grupo há um ano atrás e ver este Benfica agora é uma experiencia tão distinta e aliciante que…(perdoem-me a metáfora) é quase um milagre.
7. Uma última palavra para três jogadores e todos eles são referenciados por razões distintas. O primeiro Raúl Gonzalez, pela sua classe e qualidade, que continue (por mais anos possiveis) a mostrar serviço pelo Real Madrid. O segundo, Dida, que tal como Raul mostrou o que sempre foi: uma nódoa. Por último, Alejandro Dominguez. O argentino encaixa bem no estilo de jogador que pelas suas caracteristicas foi negligenciado toda a carreira, sofre do mesmo mal de outros jogadores que apesar de muita qualidade nunca se afirmaram verdadeiramente em grandes clubes.

Sporting: Encruzilhadas.

Olhando para o actual momento sportinguista só há uma palavra que me ocorre: Marasmo. Uma das soluções para o problema ofensivo do Sporting passa por um homem cujo nome começa pela mesma letra que marasmo mas, por seu turno, é de uma importância extrema para o bem jogar verde-e-branco. Marat Izmailov é a grande baixa deste inicio de liga, o russo será porventura o melhor jogador do plantel liderado por Paulo Bento e sem dúvida aquele que mais contribui para uma boa fluidez de jogo. As características técnicas, físicas e intelectuais do russo são soberbas, e só uma mente menos atenta poderá não dar o devido valor a Izmailov.

A outra solução passa por colocar Vukcevic, um desequilibrador nato, ao lado de Liedson. O montenegrino é sem dúvida um enorme talento. Porém a sua insistência de passar ao lado do colectivo contribui para que o jogo dos leões não desenvolva como devia. Como segundo avançado, pois nem Caicedo nem Angulo parecem ser competentes, Vuk poderá ser uma verdadeira mais-valia. Esta equipa do Sporting, sem contarmos com as faixas laterais, Djaló e um (aparentemente) acabado Anderson Polga pode (e deve) fazer muito mais.

Aimar: um ano depois.

Há cerca de um ano escrevi um post que me envergonha. Envergonha porque nesse texto consegui blasfemar. é certo que a meu favor jogava a situação, caótica, de um Benfica que pouco ou nada produzia. Baseado em princípios retrógrados e obsoletos, o esquema táctico da altura não protegia o talento de um dos seus melhores intérpretes. De costas para a baliza, Pablito era só mais um. Não encantava o grande público, não deliciava todas a mentes que sedentas de golos e espectáculo negligenciavam o talento impar do pibe argentino. Muitos tolos, como eu próprio, sentiram-se na tentação de criticar o seu génio, hoje vejo que as palavras que na altura proferi são tão injustas que são quase um crime.

Um ano depois do inferno de Quique, Jesus consegui logo na pré-época o seu primeiro milagre. Com a bola no pé, de frente para o jogo, Aimar confessou que era mais feliz. A sua felicidade contagiou-nos a todos, e pouco a pouco, rabona em rabona, cueca em cueca todos os que pertencem a grande casa benfiquista ficaram radiantes. Com o 10 nas costas que outrora pertenceu a Rui Costa, Pablito encanta o povo nas bancadasz com jogadas magistrais que culminam em empolgantes vitórias que acordaram o gigante adormecido da Luz

Quer com bola nos pés, quer na ocupação dos espaços, quer na forma como arrasta defesas Aimar é perfeito. Como disse um dia o lateral-esquerdo,ver el Mago jogar é Aimar-te assim perdidamente…

Aí vem eles.

Ibesevic, Pjanic, Muslimovic, Misimovic, Dezko. São eles, que estão entre nós e o bilhete para a Africa do Sul. Admito que não conheço o potencial colectivo desta equipa da bósnia, mas estes homens individualmente põem em sentido muitas defesas…

Ainda assim, Portugal se apostar nos homens certos tem toda a possibilidade de levar esta selecção balcânica que há poucos anos seria candidata juntamente com malta ao ultimo lugar do grupo. Pedro Mendes (ou um outro jogador que possibilite uma boa circulação de bola e não um tolo que ande a correr feito parvo) é uma peça fundamental para o sucesso lusitano. Apostar nos erros de um passado recente significará, provavelmente, que Cristiano Ronaldo e companhia terão que ver o mundial pela televisão.

Não sei sinceramente se Queiroz terá o norte para levar esta equipa ao sucesso. A entrevista recente demonstra uma falta de lucidez própria de um ex –toxicómano. As sucessivas referencias a conceitos vagos e algo psicadélicos como “rio”, “margem” e “leito” alusivos ao hipotético sucesso da qualificação de Portugal para o Play-off não me deixam a minimamente descansado.

Uma última palavra para as alterações, surpresa, a este blogue. A todos os novos teóricos um voto de bom trabalho…

P.S. Ver Edinho com a camisola das quinas mata-me. Pensar que jogadores como Nuno Assis ou Pedro Mendes nunca tiveram, até hoje, mais do que uma ou duas internacionalizações entristece-me. Ver Viana de fora neste momento, deixa-me louco.

Uma nova era para os teóricos.

Começa hoje um novo ciclo neste blog.

Esperam - se várias opiniões, criticas, discussões, e acima de tudo imensas precipitações por todos os Teóricos que compõem esta tribuna de elite.

Que os novos teóricos tragam uma nova dinâmica a este blog de eleição

Que os antigos (já por muitos considerados como os dinossauros da critica futebolística) mantenham o bom trabalho.

Espero também que gostem do novo visual do blog.

Um abraço.

De Braga a Roma...

1. Benfica venceu, mas não convenceu…muito! Quando o colectivo não funciona resolve-se à bomba. Carlos Martins e Cardozo não se fizeram rogados e mantiveram o Benfica numa louca perseguição a um improvável líder.
2. Por terras lusas há um incontestável líder, depois do ano passado José Mota e o seu Leixões terem surpreendido todos com um incrível arranque desta vez é o Braga e Domingos Paciência que comandam a liga sagres. As diferenças, porém, entre as duas equipas e sobretudo se comparamos a qualidade quer do plantel quer treinador chegamos à conclusão que a turma de Braga é infinitamente superior aquela que há um ano liderou o campeonato. Não tive, ainda, grande oportunidade para ver este Braga jogar mas atendendo ao trabalho desenvolvido por Jesus o ano passado e aquilo que conheço de Domingos Paciência a equipa bracarense deve ser extremamente organizada. Já por aqui disse, várias vezes, que muito admiro o trabalho que o ex-avançado realizou na Académica, numa equipa sem valores individuais consistentes a briosa realizou um grande campeonato tornando-se umas equipas que melhor defendia. Depois o regresso de Hugo Viana ao futebol português traz inequívoca qualidade ao meio-campo ofensivo bracarense, pensar que Viana, um dos melhores da sua geração hoje mora em Braga e não num grande é por um lado triste, mas outro mostra também que os tradicionais “pequenos-médios” são cada vez mais adversários duríssimos para Sporting, Porto e Benfica. Vamos ver até quando é que estes equipa consegue manter o excelente nível exibicional que até agora demonstrou (baseio esta afirmação praticamente do Braga X Sporting).
3. Lá por fora o Barça já está no lugar que é seu por direito, com um golaço de Pedro, mais um miúdo que esta “cantera” lançou, a equipa culé vai a todo o gás rumo ao bi. O Madrid é este ano um adversário de peso, mas creio que os catalães continuam a ser o principal candidato ao titulo. Fieis aos seus princípios de jogo onde dão primazia á pose da bola e uma (óptima) ocupação dos espaços (nomeadamente os centrais), o Barça de Pep Guardiola é um equipa para mais tarde recordar.
4. Haverá mesmo Ronaldodependencia?
5. David Luiz fica, mais uma vez, directamente ligado ao golo sofrido pelos encarnados. Por mais que aprecie as qualidades do central brasileiro começo a duvidar das capacidades cognitivas do jogador. A falta de concentração em alguns lances é assustadora, por estas bandas reza-se que essa falta de concentração não aconteça em Braga ou no Dragão…
6. Totti aos 33 anos continua fantástico. Pena que a sua Roma esteja ao nível de um olhanense. Espera-se um longo e difícil cálcio para o clube romano…
7. Já desconfiava mas agora confirmei: Falcao é um grandíssimo goleador. Não traz tanta qualidade ao jogo do porto como Lisandro mas na hora de marcar, não há ninguém melhor na liga.
8. O SCP voltou a marcar passo e não há mais nada a dizer do que foi dito. A tribuna dos teóricos tem pena de ver tanto talento desperdiçado.
9. Entramos na semana decisiva da qualificação. Queiroz foi visto no santuário de Fátima e até Cristiano Ronaldo mandou vir um terço novo da terra santa. Espera-se muita emoção no próximo sábado, pena que não possa ver o jogo já que vou a Napoles visitar o San Paolo.