7.6.08

CONCRETIZAR 2004 NUMA SEGUNDA CASA

Analisando todos os europeus e mundiais, importa referir a imprevisibilidade das equipas devido a inúmeros factores como o desgaste físico e psicológico, após uma época com várias competições e consequentemente com vários jogos, ou como o futuro incerto de alguns jogadores que por vezes influencia o seu desempenho ( tanto pode melhorar como piorar). Estes factores aliados a outros fazem com que qualqer previsão seja sujeita a reprovação no campo prático. Tentarei, ainda assim, prever como jogará Portugal, analisar quer a convocatória quer as outras equipas com quem a selecção portuguesa se irá cruzar nesta primeira fase, e juntar a tudo isto um cunho pessoal. Quanto à convocatória, e dando como certo que o leitor conhece os 23 convocados da selecção em análise, creio que é consensual quase todas as escolhas havendo algumas questões em aberto. Nos três GR, Ricardo e Quim estavam certos havendo a (pouca importante) questão do terceiro. Scolari optou por Patrício, podia ter levado Ricardo Baptista ou outro jovem mas sabendo o gosto do seleccionador por um terceiro GR jovem aceita-se a opção. Na defesa Miguel e Bosingwa eram os donos da direita. Alves, Meira, Carvalho e Pepe eram consensuais para o centro da defesa. Após tanta consensualidade na defesa o problema (talvez o maior de toda a equipa) surgia na esquerda. De facto, Portugal não tem um defesa esquerdo de raiz que ofereça garantias e, havendo este problema os candidatos eram muitos (Caneira, Paulo Ferreira, Jorge Ribeiro). Scolari optou por um defesa direito ( Paulo Ferreira) e por Jorge Ribeiro que jogou a época toda mais como médio do que defesa. Neste ponto, estou totalmente em desacordo com o seleccionador pois creio que Caneira a todos os níveis (fora e dentro do campo) faz falta e, creio que Antunes após o Mundial de 2006 poderia ter surgido mais vezes para se tornar numa opção. Creio que J. Ribeiro dificilmente será verdadeira opção (como se viu no teste com a Geórgia) mas mesmo que Scolari quisesse um canhoto parece-me que quem deveria sair das opções era Paulo Ferreira. Quanto ao meio campo havia muitas dúvidas mas não na cabeça do treinador…Chama Petit e Deco (homens da sua confiança), a chamada de Moutinho era óbvia, e sobravam três para dois lugares. Maniche (talvez melhor português nas duas últimas fases finais), Veloso ( opção a Petit e polivalente aliado a boa fase final de época) e Meireles (grande época e escolha já habitual de Scolari). Parecia que Veloso ia ficar de fora mas numa escolha algo surpreendente “Felipão” abandona Maniche, antes indiscutível e leva Veloso que terá reconquistado o seleccionador. É uma questão interessante que mostra o valor que Scolari dá à vertente psicológica pois caso fosse outro treinador e analisando as épocas de Deco, Petit e Maniche talvez só o primeiro (dado a escassez de “dezes” em Portugal e também por ter acabado em boa forma a época) tivesse lugar nos 23. Porém, precisamente por ser este o treinador, já se contava com Petit e Maniche pois eram os “seus” jogadores e, preterindo um dos seus Scolari surpreedeu. Quanto aos avançados, após Makukula perder a corrida com Postiga e Almeida com a transferência de inverno, não restavam dúvidas: Ronaldo, Nani, Simão, Quaresma e Nuno Gomes mais os dois que ganharam a citada corrida a três. Do meio campo para a frente é difícil discordar de Scolari pois há um certo conformismo inerente à sua personalidade (o que é algo preocupante). Acreditando que Maniche é uma questão talvez para mais tarde falar pois parece ter sido por factores que nos escapam, ha questões a levantar nomeadamente a de Paulo Assunção. A polémica das naturalizações é normal mas já que o seleccionador se mostra receptivo tal como a FPF parece-me que se tentou esquecer o médio “brasileiro” quando claramente tem qualidade para ser seleccionado e talvez para ser indiscutível. Scolari jogará certamente num 4:2:3:1 onde Ricardo deverá ser o titular apesar de Quim neste momento ser a opção mais correcta. Depois, na equipa há quarto indiscutíveis: Bosingwa, Carvalho, Deco e Ronaldo. Havendo depois um lote de muito prováveis titulares e uma duas dúvidas que até podem mudar consoante o adversário. Contra a Turquia já se sabe a equipa e posso dizer que concordo de um modo geral pois as soluções que gostaria de ter visto já não iam a tempo deste euro. Parece me óbvio que se poderia jogar neste sistema com Ronaldo a ponta de lança e soltar Quaresma (ou Nani) e Simão nas alas. Ganhávamos mobilidade, qualidade de remate, talvez maior concretização etc.. Dado o desiquilibrio deste plantel creio que só um jogo de preparação é manifestamente pouco já que por exemplo no meio campo há no minimo quatro fórmulas que se poderiam apresentar. Proponho-me deixar só breves palavras sobre o Grupo A que considero não estar a ter a devida atenção fruto dum optimismo exacerbado e duma consequente descredibilização das outras equipas. A Turquia comporta o peso do primeiro jogo a nível emocional. Parece-me ter uma defesa vulnerável mas um meio campo e ataque fortes e imprevisíveis. A imprevisibilidade e mesmo uma marca desta equipa capaz do melhor e pior como se viu contra a Grécia na qualificação (goleia fora mas perde em casa). A Czech operou uma transição, nomes como Poborsky ou Nedved já não marcam presença e a estes junta-se o lesionado Rosicky. Assim, com o fantástico Cech uma defesa “italiana” e um meio campo e ataque sempre perigosos é uma equipa a ter muito em conta mas que creio não fará um grande euro pois Baros e Koller parecem em baixo e as ausências são de peso. A Suiça e uma das equipas da casa e só isto ja e relevante pois em casa a motivação e enorme e a capacidade de superação também. É uma equipa que esteve presente em 2004, e em 2006 tendo na Alemanha passado em primeiro a frente da finalista França sendo eliminada no “jogo do medo” contra a Ucrânia em penaltys. Tem vindo a crescer e mantém os nomes do mundial (quase todos), é uma equipa sólida que creio pode surpreender. Sendo Português, espero obviamente que Portugal passe e creio que o pode fazer porém e um grupo equilibrado onde todos têm uma palavra a dizer.

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