7.6.08

Allez Le Bleus

Quando em 98 a França, pela primeira vez na sua história, se sagrou campeã mundial de futebol o conhecido político francês, pro-fascista, Jean Marie Le Pen afirmou categoricamente que aquela “não era a sua selecção”. A multi-culturalidade do futebol francês, é porem, desde essa altura a sua maior arma. È inequívoco que a mistura entre etnias e culturas futebolísticas foram essenciais para o sucesso da geração de ouro francesa que ganhou o mundial de 98 o europeu de 2000 e ainda foi (podemos ainda considerar aquela geração) finalista vencido do mundial de 2006.
Encabeçada por Zidane, um franco-argelino por muitos considerado o melhor futebolista desde Maradona, a geração de ouro francesa marcou uma era no futebol moderno, tendo o poder físico e técnico de jogadores de ascendência de locais tão diferentes como Guadalupe, Cabo Verde, Arménia, Portugal, Espanha ou Argentina e a cultura táctica europeia (não existente na maioria desses lugares) como as principais armas para a conquista do título mundial. Barthez, Blanc, Petit Dechamps, Desaily, Zidane, Djorkaef, Henry ou Trezeguet ficaram na história como a equipa que na final de um campeonato do mundo “espetou” (nas palavras de Fábio Coentrão) 3, Três, golos sem resposta ao super-favorito Brasil. Depois de Jaquet (98) e Lemere (2000) a selecção gaulesa é orientada pelo controverso Raymond Dommenech que para além de ter em 2006 ter deixado de fora, sem aparente razão, Ludovic Giuly, Robert Pires e Phillipe Mexes, neste europeu sacrificou o temível goleador David Trezeguet com base no facto do avançado da “Vechia Signora” ser de um signo que não se enquadra nas cartas. Gomis avançado do Saint-Etiene, um desconhecido do grande público, foi a escolha para substituir uma das peças fundamentais do xadrez francês nos últimos 10 anos.
Olhando sector a sector de toda a selecção francesa não há duvida que os “bleus” possuem um dos melhores planteis da competição. Na baliza Frey e Coupet disputarão o lugar nas redes que outrora pertenceram ao “careca voador” Fabien Barthez. No lado esquerdo da defesa dois dos melhores executantes na posição são franceses (Abidal e Evra) do lado direito surge para mim a maior lacuna desta selecção: Clerc e Sagnol. Nenhum deles é mau jogador mas de todas as formas se puder escolher uma fraqueza desta equipa opto pelo lateral direito, todavia, Domenech deu-se ao luxo de deixar Bacary Sagna de fora dos convocados portanto não tenho dúvidas que o seleccionador gaulês tem confiança nos seus laterais. Ao centro o veteraníssimo Thuram ocupa lugar de destaque, considera o fim da carreira, porque é um elo de ligação humano da equipa vencedora de 2000 com esta nova geração. Longe vai já o tempo em o “touro do Guadalupe” jogava a lateral direito e era decisivo na frente, como quando marcou dois grandes golos à Croacia de Suker e Boban na meia final do França’98. Se Gallas e Squiliaci são defesas sólidos e seguros o mesmo não posso dizer de Boumsong, o central do Lyon esteve longe de convencer tanto na juventus como no Hepta-campeão francês mas mesmo assim mereceu a confiança de Domenech. O meio-campo é a força desta selecção, a parada de estrelas no miolo é pura e simplesmente impressionante: Vieira, Makelele, Malouda, Govou e em certa medida Ribéry são valores firmados no mundo do futebol e já habituados aos grandes palcos e se a estes juntarmos a juventude, irreverência e qualidade de Toulalan, Nasri e Diarra obtemos um meio-campo fantástico (mas não tão fantástico como o quarteto composto por Petit, Dechamps, Djorkaeff e Zidane).
Se em 98, Dugarry e Guirvarch foram os elementos da equipa francesa que se mostraram abaixo do nível exigido obrigando Jaquet a “lançar as feras” dois miúdos de 21 anos, Henry e…Trezeguet, hoje os avançados franceses são dos melhores da actualidade. Se sem falarmos de Thienry Henry, pois nem vale a pena, adicionarmos Karim Benzema, Gomis e ainda Nicolas Anelka podemos considerar que a França tem na frente homens bem capazes de decidir um jogo. Sinceramente conheço pouco de Gomis, sei que marcou 16 golos em 34 jogos na ligue 1 e apontado pela imprensa gaulesa como o “novo Drogba”, a estreia não poderia ter sido mais auspiciosa tornando-se o primeiro jogador deste Zidane a bisar no baptismo de fogo pelos “Bleus”

Karim Benzema é um dos mais excitantes jovens jogadores europeus. Avançado mortífero que alinha pelo hepta-campeão francês Lyon, tem um “estória” curiosa quando chegou à equipa principal do “Olympique” quando gozado por estar a gaguejar num discurso de “praxe” Benzema apenas de 17 anos na altura tem a seguinte resposta às graçolas dos seus colegas: - "Riam-se, riam-se...que eu estou aqui para vos tirar o lugar...". Três anos mais tarde é titular indiscutível no Lyon e uma das maiores promessas do futebol francês.
A estrela: Thienry Henry, 100 jogos e 34 golos depois chega aos 31 anos ao estatuto de grande estrela do conjunto gaulês. Já não é ofuscado pelo brilho de Zizou mas tem neste europeu a difícil tarefa de limpara a má imagem que deixou em Barcelona e mostrar ao mundo que consegue ser o mesmo Henry que venceu o prémio de melhor jogador da Premier League dois anos consecutivos. Jogador-Chave: Frank Ribéry, o “scarface” é homem ideal para liderar os franceses ao sucesso. Depois da grande época de estreia na Bundesliga, Ribéry quer mostrar serviço e afirmar-se como um dos melhores jogadores da actualidade. Revelação: Karim Benzema, não tem sequer 21 anos e já foi o melhor marcador da liga francesa de 2008. Não é propriamente um desconhecido, mas se a França vencer com ele na frente, passa automaticamente de promessa a confirmação. Sem dúvida, uma estrela a seguir não percam de vista este europeu.

Nenhum comentário: