19.11.09

Epilogo de uma qualificação dificil. Prologo de um futuro pouco promissor.




Neste blogue, já um teórico abordou o longo caminho que percorremos até à África do Sul.  A minha opinião é, porém e como não podia deixar de ser,  completamente diferente daquela que aqui foi deixada e cabe-me agora explicar porquê:


Contra os canhões, Marchar, Marchar. Assim acaba o hino de Portugal e é talvez a frase que os portugueses mais associam à luta e a sobreposição de adversidades. Hoje em Zenica houve vontade, houve garra, houve atitude, houve muito suor e quase lágrimas no final. O que não houve, pelo menos que eu tenha notado, foi futebol. Zero. Nada. Nem uma jogadinha de registo para que eu pudesse sorrir. O campo não estava para grandes aventuras, circulação de bola, seria complicadíssimo. Mostrar porém tanta desorganização, e vontade de apenas chutar para a frente faz-me pensar que faremos em terras dos Bafana.


Pepe cortou bolas a torto e a direito. Cortou tantas bolas como falhou passes. Sempre que o único bósnio criativo pegava na bola era um vê-se-te-avias para resolver a situação. A opção táctica por Pepe neste jogo terá sido porventura a menos aberrante até agora. Este era um jogo em que estaríamos talhados para sofrer, não tenho dúvidas disso, o problema é que até agora o que mostramos foi tão pouco que mais esta cinzenta exibição não nos pode deixar contente.


Um leitor do blogue disse que odiava “vitórias morais”. Eu tal, como ele, também as odeio. São ilusórias e perigosas para um futuro próximo. O que se passa com Portugal é exactamente o oposto. Neste aspecto, concordo inteiramente com o RVO, os jogadores estão verdadeiramente de parabéns, só um grupo com grande valia individual e com o Edinho, Hugo Almeida e Paulo Ferreira na equipa poderia se ter qualificado para um mundial.


Sejamos todos intelectualmente honestos, é verdade que é melhor vencer do que jogar bem, mas ao mesmo tempo o melhor caminho para vencer não é exactamente jogar bem? Estaremos nós preparados para enfrentar equipas de maior qualidade individual e colectiva? Pelo que mostramos até agora, definitivamente que não.


O que se passou nesta qualificação não significa necessariamente que Portugal vá fazer uma má prestação no próximo campeonato do mundo. As escolhas de Queiroz até ao momento tem sido francamente más, uma alteração (radical) da forma de pensar e construir esta equipa poderá levar a esquadra lusitana até bem longe na Africa do Sul.


P.s. Nani já foi diversamente criticado neste espaço.  é inegavel que o ala do Manchester United não está a evoluir como o esperado e que o seu rendimento não melhore ,sobretudo, por causa da sua cabeça. Sempre que recupera uma bola e passa por um jogador já se sabe o que luso-caboverdiano vai fazer, enquanto não superar estas lacunas Nani nunca poderá chegar ao nível de outros extremos que encantaram Portugal. Tiago é um caso diferente. Como é possível criticar a vontade de um jogador quando o esquema de jogo é claramente antagónico à sua forma de jogar. O médio da juventus é um jogador cerebral, de apoios e  propício a um bom futebol. Num esquema montado por José Mota ou Jaime Pacheco nem sequer teria lugar. De referir que o único momento de futebol durante todo o jogo saiu dos seus pés. Critica-lo é negar aquilo que por e simplesmente defendo para o futebol. Tiago, como tantos outros, é uma vitima de um paradigma obsoleto.


P.P.S Raymond Domenech rivaliza com Queiroz pelo titulo de treinador mais incompetente deste apuramento. Com uma equipa cheia de bons valores a sistemática aposta num futebol directo ia valendo uma não qualificação. A sorte foi que o árbitro não viu a mão de Henry que permitiu aos gauleses garantirem o bilhete para África. Depois de 2008 não sei como é o presidente da federação francesa não entendeu que o excelente mundial de 2006 foi obra do génio de Zidane e não da competência do seu treinador.


P.P.P.S já estou a ver todos a mostrar a sua indignação e a chamar-me velho do Restelo. Se vivesse em Portugal estaria à espera que a qualquer momento me invadissem a casa.

2 comentários:

RVO disse...

Neste jogo nao se pedia bom futebol. E a ideia de que quase houve lagrimas é ridicula...Portugal controlou a seu belo prazer. Esta dificil de aceitar que o pepe em certos jogos cumpre aquele lugar as mil maravilhas. O que houve ontem foi organização, e não espectáculo. Ambas fazem parte do jogo, e as vezes e preciso abdicar da mais espectacular. Secalhar es um romantico e nao ves isso, tal como es a unica pessoa que eu conheço que acha que o Barcelona mereceu passar nas meias-finais da Champions. Entendo que vejamos o futebol de maneira diferente mas a organização sem espectaculo e com resultados nao é menos futebol que o praticado por o Barcelona de Guardiola, por exemplo, que este ano ja entendeu e ja afirmou que se quer ganhar de novo a champions não pode jogar sempre bonito.


PS:. Quanto a Tiago eu critiquei a atitude, e quanto a isso...até a jogar a ponta de lança ele tem que mostrar que quer estar ali. E isso ele não mostrou. Tem muita qualidade sim senhor...então que a mostre.

JFC disse...

Eu concordei que neste jogo não se pedia bom futebol. O pior é que o bom futebol durante este apuramento, tirando alguns momentos como o jogo com a dinamarca e a suécia a espaços, foi quase inexistente. A escolha de musculo para um jogo com uma Dinamarca, Suecia Albania San Marino ou seja la quem for é patético. Para alem disso, bom futebol não é necessáriamente bonito. O futebol do mourinho, extremamente bem jogado não é atractivo como o do barcelona. Bom futebol passa por boa organização (quer defensiva quer ofensiva), boas transições e qualidade na circualaçao de bola. chutar para a frente sempre que se pode não é o caminho para a vitória. Confiar exclusivamente no talento individual e subjugando a ocupação de espaços e uma ideia colectiva de jogo não só perigosa para a equipa como em nada potencia os jogadores.
Pensa no Di Maria. Qual a diferença dele deste ano para o ano passado? mais força? talvez. Mais velocidade? talvez. Na verdade aquilo que mais importa na evoluçao do Di Maria enquanto jogador foi a melhoria da definiçao das suas jogadas mas sobretudo a melhoria da qualidade colectiva da equipa. este ano o argentino nao e obrigado a partir para um para um sempre que tem a bola, sabendo que tem apoios, pode muito facilmente tocar a bola para o lado para depois seguir a jogada.

Sobre o barça nao vou discutir mais. No conjunto das duas maos o barça fez mais que o Chelsea. Meter o autocarro à frente da baliza é uma estratégia como todas as outras, o problema é que normalmente corre mal.

foi um prazer discutir contigo civilizadamente e sem ser aos berros, um grande abraço