Cronicas

 O seu estilo não engana, é lento. Tão lento que nem sequer o podemos classificar de falso lento. A classe, porém, mora no flanco esquerdo do Feyenoord; a forma como a bola para nas suas botas rotas, como roda sobre si mesmo, como endossa gentilmente o esférico faz-me lembrar génios de outros tempos.
 Na senda dos grandes jogadores como Ricardo Nascimento, Ricardo Fernandes ou Silas não é a velocidade que caracteriza o seu jogo, porém, a maneira que vai pausando o jogo, sentindo as pulsações da sua equipa, organizando-a na saida para o ataque, sendo o líder de um conjunto órfão de liderança.Os seus livres venenosos são verdadeiros regalos para os avançados sedentos de golo. A sua formação clássica de colégio impede-o de ter a garra e a competitividade de outros companheiros, mas o que interessa a garra? Lembram-se de Capucho, Pedro Barbosa, Zé Pedro? De que serve a agressividade ou a velocidade quando tudo à nossa volta gira em torno de uma bola de futebol?  A camisola laranja que insiste em usar debaixo do equipamento, destinge-o dos demais: Ele é mesmo diferente, se quiserem saber quem é o Paulo Sérgio do mondego basta ir à pedreira do N10 e procurar...pelo Zé Gonçalo.