17.9.08

Més que un Club

È quase um denominador comum a todos que gostam verdadeiramente de futebol ter clubes estrangeiros. È claro que nenhum de nós vibra tanto com o Real ou com o United como vibra quando o seu Benfica, Sporting, Porto ou Varzim jogam. Ser benfiquista, por exemplo, é ter inscrito E pluribus unium no seu código genético, ser benfiquista (e insisto nesta condição encarnada porque é a única que tenho conhecimento) está-nos incrustado na pele, é quase como uma inevitabilidade do destino. Ter uma equipa internacional, é uma escolha bem mais racional, que normalmente está alicerçada em argumentos futebolísticos.

Ontem quando o Sporting jogou em Camp Nou afirmei categoricamente que era do Barcelona desde pequenino, nada mais normal já que é o que usualmente ouvido da boca dos anti-benfiquistas (anti-portistas, anti-sportinguistas etc…) quando uma equipa portuguesa joga no estrangeiro. Todavia, quando disse que era do Barcelona, não poderia estar a ser mais genuíno, sou-o desde o momento que comecei a gostar de futebol. Lembro-me, com saudade, dos tempos do “Barça” de Robson onde alinhava Ronaldo, Luis Enrique, Hristo Stoichkov e o meu grande ídolo da altura Luís Figo. É sem vergonha que afirmo que sou do Barcelona só por causa de Figo, digo que é sem vergonha pois no dia que ele abandonou a Catalunha para se juntar ao rival de Madrid eu próprio teria sido uma das cem mil pessoas que o insultou veementemente no jogo do seu regresso ao mítico Camp Nou.

A verdade é que aprendi a gostar do Barça, e hoje vejo-o como a minha segunda equipa tendo mesmo torcido por ele em 2006 quando o Arsenal (outra equipa que adoro) jogou contra o Barcelona na final da Liga dos Campeões desse ano. Olhando para a história dos “culés”, equipa espanhola que encabeçou a luta anti-franquista tendo anos a fio perdido campeonatos por acção directa do “caudilho” conhecido adepto do arqui-rival Real Madrid, e sendo também uma das “armas” de afirmação da região mais desenvolvida de Espanha contra o centralismo operado pelos governos de Madrid, tenho ainda mais orgulho de "ser" dos "blaugurana". É verdade porém, que o F.C. Barcelona é um clube muito sectário, pois não admite que alguém em Barcelona seja contra o “barca” mas apesar de sectário não deixa de ser ao mesmo tempo o clube mais receptivo do mundo. O sectarismo do Barcelona não tem nada que ver com as rivalidades religioso-politicas-xenofobicas típicas de outros clubes europeus, a única condição para se ser aceite em Barcelona é amar o seu clube a cidade, o resto, é insignificante.

Outra característica que sempre marcou a diferença do Barcelona perante os demais clubes europeus, foi a ausência de patrocínios nas camisolas oficiais do clube. Só recentemente e por ter sido a UNICEF é que finalmente a excepção foi quebrada, abrindo um precedente deveras interessante que vem corroborar o brocado popular catalão que classifica o “Barça” como “mes que un club”.

6 comentários:

JVB disse...

Apesar de ser da cidade de madrid (sempre fui do real, recentemente aprendi a gostar do atletico) e por isso nao simpatizar com o barça nao custa aceitar a grande historia do barça.

Anônimo disse...

Muito bom post. Barcelona tem sim uma história muito grande. Mas, tal como já disse num comentário anterior, sempre fui do Real Madrid.

Sempre o fui, muito por influência do meu pai, que sempre "viveu" muito o Real. Lembro-me de muitos derbis. Em especial esse de Figo, em que também insultei (não figo) mas sim Simão quando fez o segundo golo. Ironicamente viria a aplaudi-lo dezenas de vezes uns anos a seguir...

Já fui a Camp Nou ver vários jogos. Barcelona é a minha cidade europeia preferida! O ano passado fui lá ver o Barça-Real e acredita que existe muita política à mistura. Por exemplo, quando o Sérgio Ramos ia fazer um lançamento ou o Raúl tocava na bola era chamados de "Espanhol de Merda!". É realmente impressionante mas a Catalunha vive-se muito ali. Já quando lá tinha ido ver o Benfica, estavam lá uns portugueses a vender cachecóis, e uns era a dizer Barcelona Campeón! E houve lá uma confusão com uns adeptos do Barça porque diziam que aquilo era uma falta de respeito porque não estava escrito em catalão.

Mas por exemplo, fui lá a loja do Barça e comprei uma camisola do centenário e pedi para pôr Figo 7 na dorsal (isto o ano passado). O rapaz que estava lá riu-se e disse "Já não pediam isso aqui há muitos anos, mas está bem, és português não és?". Eu disse que sim e tudo se riu ali. Não esperava essa reacção..

Obviamente que tudo isto não tem nada a ver com a grandeza do Barcelona. O Barça é e será sempre grande. No Barcelona sempre jogaram os melhores jogadores do Mundo. O Barça é uma equipa que joga um futebol muito atractivo! É obviamente "mes que un club".

Mas para mim a grandeza é maior no conjunto blanco! :)

Abraço

Anônimo disse...

eu nem quis realçar a grandeza futebolistica do Barcelona no Post, pois o Real Madrid enquanto instituição futebolistica (penso que estou a escolher bem as palavras) é bem superior ao Barça.

Apesar de detestar o Madrid respeito-o como enorme clube que é...Penso que, e ja agora vale a pena mandar a acha, que Ramon Calderon está a fazer um trabalho muito positivo no real contranto, salvo raras excepçoes (cannavarro, Van Nistelrooy) jovens "estrelas" em ascenção e não jogadores de créditos firmados como tempo do Perez.

Cumprimentos

JFC

Anônimo disse...

Acho que Calderon está a fazer um bom trabalho. Aliás 2 títulos nacionais o confirmam.. Mas nas promessas eleitorais Fabregas e Kaka.. Este verão voltou a falhar no Ronaldo quando disse que ele viria. Este verão penso que deveria ter reforçado mais o plantel. Mas mesmo assim penso que o Real tem um grande equipa este ano e que poderá discutir todas as provas até final.

Quanto ao Barça penso que cometeu um erro gigante ao deixar sair Deco. Mas ser era por questões de "arrumar" a casa tudo bem. Comprou vários jogadores para formar uma equipa coesa mas penso que falhou na escolha de treinador. Guardiola é um grande símbolo do Barça sem dúvida. Era um belíssimo jogador e, mais do que isso, um grande capitão de equipa. Fora dos relvados também sempre provou ser um "senhor", mas para treinar o Barça penso que isso não chega. É certo que estou a fazer juízos de valor antes do tempo mas é a minha opinião neste momento.

Abraço

Anônimo disse...

para juntar as histórias do germano sobre o barçadigo que quando estive em barcelona encontrei um taxista no dia em que a espanha decidia a qualificação para o euro frente a dinamarca. a espanha la consegiu ganhar e deu passo decisivo para o euro, metendo conversa eis que mando um "entao a espanha sempre vai ao euro" ao que o taxista responde..."nao sou espanhol sou catalão". Este "nacionalismo" encontrei bastante nas pessoas que alias eram simpatiquissimas.JVB

Anônimo disse...

Acho que o que acontece com o Barcelona é reflexo da manta de retalhos que é Espanha.. Em Portugal temos a eterna rivalidade "Norte - Sul" que ainda assim é pouco passível de ser geradora de uma qualquer Guerra Civil.. Já em Espanha há os Galegos (anti espanha do piorio), há os Catalães, há em sevilha (andaluzia)um rivalidade brutal a nivel desportivo e ainda, pasme-se, existe um clube, que dá pelo nome de Atlético de Bilbau, que, com mais de 100 anos de história, apenas teve jogadores no plantel com naturalidade ou origem basca. Jogadores como Lizarazu (Basco Francês), Etxeberria, Javier Irureta, Zubizarreta entre outros. Esta, sim, é a verdadeira "família basca", cheia de mística. Juntamente com o barcelona eram os unicos clubes que nunca tiveram patrocinio na camisola até ao barça ter "sucumbido" à Unicef

DCP