26.9.08

O Conde

A minha “relação” com Luís Figo sempre (ou quase) foi de amor-ódio. Primeiro, idolatrei-o, colocando-o num pedestal que não pus mais nenhum jogador, nem mesmo Poborsky, Nuno Gomes ou Preud’homme os meuss craques de eleição. De repente, e como uma bomba, a notícia saiu e eu fiquei desolado, de ídolo, Figo passou a “pesetero” que trocou a alma catalã pelas pesetas de Madrid. Tive enormes dificuldades em lidar com essa mudança e portanto o meu discernimento sobre a carreira do jogador em certos momentos não foi a melhor. ´

A verdade, seja ela dita, é que Luís Figo é um ícone impar na história do futebol português. Foi o primeiro a vencer um prémio FIFA para melhor jogador do mundo, foi o líder da geração de ouro sendo o seu expoente máximo, personificou da melhor forma o sucesso de um emigrante português no exigente mercado internacional, isto é, foi um elemento fundamental para a evolução e afirmação do futebol português na Europa, juntamente com Rui Costa e Paulo Sousa foi um símbolo desta nação no estrangeiro. Será difícil de esquecer muitos jogos magníficos que vi Figo realizar. Seja pelo Barcelona, pela selecção ou pelo Real Madrid, o golo contra a Dinamarca onde sublimemente passa no meio dos dois centrais, ou o pontapé de raiva que nos abriu portas para um brilhante Euro’2000, mas sem dúvida, o que recordo com mais intensidade foi aquela noite de Maio de 97 quando o barça a perder 3-0 ao intervalo com Atlético deu a volta ao resultado para 5-4 com um golo e três assistências do extremo português.

Uma das razões que também hoje me faz gostar de Figo é a sua inteligência emocional, e a forma como hoje se move pelos meandros do futebol. Longe dos tempos em que assinava dois contratos com equipas diferentes, o craque português nascido na cova da iria em 1972 foi o primeiro a organizar jogos amigáveis com intuitos sociais, lembro-me que causou furor quando convidou Michael Schumacher para um desses jogos, e é também importante realçar a sua veia empresária sendo um forte investidor no sector do turismo. Uma prova de carácter do "Conde da Catalunha" (era assim apelidado quando jogava na cidade condal)aconteceu quando criticado pela imprensa do pais vizinho por comprar roupa na Zara respondeu calmamente que era roupa de qualidade e que ainda por cima era mais barata, ò Belmiro aprende alguma coisa com o homem…

O meu veredicto acerca de Figo acaba por ser positivo apesar de considerar muitos aspectos da sua carreira reprováveis, nunca lhe perdoarei a troca do Barcelona pelo Real Madrid. Mas apesar disso, não me vou poder nunca esquecer dos seus raides pela linha, pelos golos, pelas assistências e sobretudo pela classe que sempre passeou por todos os relvados. Um grande obrigado, Luís Figo.

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