
Tem sido controversa esta questão da inclusão ou não de brasileiros na equipa nacional. Há quem advogue que quem se opõe a chamada de estrangeiros para o futebol se deveria também opor a nacionalização de atletas como Francis Obikwelu ou Nelson Évora. A priori e sem considerar o backround social evolvente estes argumentos estão correctos, de facto e usando a expressão latina de a “quid pró quo” Liedson tem tanto o direito de representar a selecção nacional de futebol como Obikwelu tem o direito de representar Portugal nas Olimpíadas. Felizmente para a vida humana, nem tudo se resume a argumentos de carácter lógico-dedutivo, e fazendo uso dos ensinamentos filosfico-juridicos que me foram transmitindo é preciso tratar igual o que é igual e de modo diferente aquilo que é efectivamente…diferente. E o caso de liedson é diferente do de Obikwelu, pois o brasileiro nem chegou a Portugal aos 14 anos, nem nunca trabalhou nas obras para sobreviver, nem nunca foi (se não estou em erro) adoptado por nenhuma família portuguesa. Portanto se o primeiro chegou a Portugal com um contrato milionário e já em idade adulta o segundo é um caso típico de imigração que só a grande custo, esforço e sacrifício conseguiu singrar na vida, para não falar do exemplo que Francis Obikwelu é de integração de uma minoria étnica e racial no nosso país.
Mesmo assim, e considerando que o caso de Liedson é diferente do de Obikwelu (para não ter que falar de Pepe) e tentando resumirmo-nos a questões meramente futebolísticas, considero que a inclusão do jogador do Sporting na equipa nacional irá trazer a curto prazo um acréscimo substancial de qualidade mas que a médio/longo prazo terá consequências, se não digo nefastas pelo menos prejudicais. Porquê, se ele é assim tão bom? Simplesmente porque a chamada de Liedson é simplesmente uma amenização do problema e não a sua resolução. Com Liedson naturalizado teremos um avançado de 33 anos que estará a tapar o lugar a potenciais jogadores portugueses que poderiam evoluir se tivessem essa a oportunidade, mais se para resolvermos esta lacuna for preciso bater no fundo na questão dos pontas-de-lança que seja, não vale a pena adiar os problemas, é preciso enfrenta-los. Até porque é em adiar os problemas e as dificuldades que os portugueses se têm especializado.
Não sou um nacionalista. Não defendo a segregação das raças, e muito menos argumento a favor de leis restritivas á imigração. O mundo está diferente e a livre circulação de pessoas é uma realidade inquestionável. Agora quando vemos por força da globalização a diluição das características de um povo e da competitividade entre os povos, penso que o desporto é o campo ideal para se exacerbar o patriotismo. Não sou contra a inclusão de um ou dois estrangeiros que gostem do país e se sintam em casa em Portugal (vejam o caso do Pepe que levou a bandeira nacional quando o Real foi campeão) agora não me peçam a assistir em pávido e em sereno à “brasileirisação” do nosso futebol. Com a quantidade exageradamente aviltante de canarinhos a jogar em Portugal, só falta que os tugas qualquer dia sejam como a selecção italiana de futsal que não tem um único italiano de origem.
P.S. Lembram-se do “caso” de Liedson com Paulo Bento? Aquele que ele ficou uns dias a mais no Brasil sem autorização para o seu filho nascer lá? Posso estar a exagerar mas isto para mim é o exemplo de alguma coisa, não?